BRUNNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
Apenas a prefeita Adriane Lopes (PP), candidata à reeleição, aceitou participar da rodada de entrevistas promovida pelo MS em Brasília/Diário do Poder com os quatro candidatos à Prefeitura de Campo Grande mais bem posicionados nas pesquisas.
Beto Pereira (PSDB), Camila Jara (PT) e Rose Modesto (União) não responderam a uma série de perguntas formuladas sobre os principais problemas da capital, os quais vêm afetando a vida dos campo-grandenses há mais de década.
O objetivo das entrevistas era aprofundar as discussões sobre temas, como saúde, educação e infraestrutura, além de apresentar propostas sobre a situação fiscal e orçamentária da cidade — a capital que mais gasta com a folha do funcionalismo em relação às receitas.
O objetivo das entrevistas era aprofundar as discussões sobre temas, como saúde, educação e infraestrutura
O município está em vias de estourar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, de 54%, com gastos de pessoal. Dados do Tesouro Nacional divulgados pelo MS em Brasília (ver aqui) mostram que Campo Grande fechou 2023 utilizando 53,66% das receitas com essas despesas.
Além disso, compromete 96,96% do valor das arrecadações e das transferências constitucionais com despesas fixas, o que sobram apenas 3,06% para investimentos em todas as áreas (ver aqui).
Segundo o Tesouro, poupança corrente superior a 95%, o que é o caso da capital, indica comprometimento elevado de suas receitas com despesas correntes.
As entrevistas
Os convites foram encaminhados aos candidatos na semana passada, mas somente as assessorias da prefeita Adriane Lopes, do deputado federal Beto Pereira e da também deputada federal Camila Jara confirmaram participação dentro do prazo estipulado. No entanto, apenas a progressista encaminhou as respostas, cujo prazo venceu ontem (3).
Com isso, a entrevista com Adriane Lopes será a única a ser publicada devido à ausência dos demais candidatos. O material com a atual prefeita será publicado na próxima segunda-feira, dia 9.
As perguntas foram feitas, exigindo respostas pontuais, como o prazo para o futuro prefeito resolver os principais problemas, o valor dos investimentos necessários e a origem dos recursos.
As exigências, as quais candidatos a cargos eletivos não estão habituados a seguir, são para evitar respostas vazias, geralmente trabalhadas pelo marketing das campanhas.
As exigências, as quais candidatos a cargos eletivos não estão habituados a seguir, são para evitar respostas vazias
Cada candidato recebeu também uma pergunta específica, que só ele teve conhecimento, abordando questões polêmicas sobre sua atividade na política.
A pergunta específica à Adriane Lopes será conhecida pela população quando a entrevista for publicada.
Sem a participação de Beto Pereira, Rose Modesto e Camila Jara, o MS em Brasília decidiu publicar as perguntas feitas a cada um desses candidatos para que o público saiba o que eles deveriam ter respondido, caso tivessem aceitado a participar da rodada de entrevistas.
Em relação ao candidato Beto Pereira, a pergunta foi em cima de pedido de impugnação do registro de candidatura, apresentado pelo PSOL, em decorrência de condenação por improbidade administrativa quando foi prefeito de Terenos.
Ontem (terça-feira), no entanto, a Justiça acolheu o registro de candidato do tucano a prefeito em Campo Grande. O juiz eleitoral Ariovaldo Nantes Corrêa entendeu que não há provas de que as irregularidades tenham sido cometidas intencionalmente.
MS em Brasília decidiu publicar as perguntas feitas a cada um desses candidatos para que o público saiba o que eles deveriam ter respondido, caso tivessem aceitado a participar da rodada de entrevistas
Pergunta específica ao candidato Beto Pereira:
O senhor enfrenta problema na Justiça por conta de uma situação de improbidade administrativa no período em que o senhor foi prefeito de Terenos. O candidato pode explicar ao eleitor por que foi condenado? Não é incompreensível o senhor ter administrado cidade de porte pequeno e já ter tido problemas? Como o eleitor pode confiar no senhor, caso vença a disputa e tenha que administrar uma quase metrópole como Campo Grande, se já houve ressalvas em Terenos, que é menor do que a maioria dos bairros da capital? (Conforme explicações acima).
Pergunta específica à candidata Camila Jara:
A senhora é filiada a um partido que defende diversas bandeiras contrárias à da maioria da população de Campo Grande, como aborto, ideologia de gênero, entre outras. Ano passado, a senhora propôs projeto que prioriza casais homoafetivos com união estável na fila da casa própria. Também apoiou proposta que propõe a distribuição de calcinhas gratuitas pelo Sistema Único de Saúde a pessoas que não se reconhecem com o sexo biológico. Se a senhora for eleita prefeita, pretende cuidar das pautas polêmicas, ou trabalhar para resolver os problemas graves da capital?
Pergunta específica à candidata Rose Modesto:
A senhora fez parte do Governo Lula entre maio de 2023 e maio de 2024, chefiando a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste. Os deputados Vander Loubet e Zeca do PT defenderam seu nome para disputar a Prefeitura com apoio do PT. Como a senhora pretende se apresentar ao eleitor, uma vez que Campo Grande rejeita gestões petistas? Mais: Ministro do Lula veio à cidade participar de sua campanha. A senhora tem ainda apoio do ex-prefeito Marquinhos Trad, que deixou Campo Grande no caos. Trad teve o nome ligado a um esquema que desviou dezenas de milhões da Prefeitura, investigado na Operação Cascalhos de Areia. O que a senhora diria ao eleitor?