CAMPO GRANDE
O ex-deputado federal Loester Carlos Gomes de Souza, o Trutis (PL), tem feito diversas tentativas para se inserir novamente na política em Mato Grosso do Sul.
Após mandato de quatro anos como deputado federal em que se envolveu em uma série de irregularidades, expondo negativamente a imagem do Estado, agora o político quer ser vereador em Campo Grande.
Além de repetir jargão de 2018, quando foi eleito deputado na onda bolsonarista, como alguém que combaterá desmandos e malfeitos, o que se revelou falso nos quatro anos em Brasília, tem explorado vídeos antigos, com falas em apoio ao seu nome.
A denúncia sobre uso de vídeos de Bolsonaro e outros políticos foi feita ao MS em Brasília por um candidato a vereador, que não quis se identificar, além de eleitores. A situação seria comum se ele não estivesse usando material velho, induzindo o eleitor a acreditar que se trate de manifestações atuais.
Trutis também publicou nas redes sociais vídeos em que a deputada federal Carla Zambelli (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira (PL), preso por xingar ministros do Supremo Tribunal Federal, pedem apoio a ele, mas que correspondem às eleições de 2022.
Em todos os vídeos, há texto adicional em que Trutis agradece ao apoio como se fosse para a campanha de vereador, inclusive com legendas sobre as imagens:
“Obrigado Jair Messias Bolsonaro. Pronto pra servir novamente. Lealdade é honrar nossos princípios, servir nosso país com orgulho e atuar com integridade em nossa profissão. É essa dedicação que constrói um futuro melhor para todos”.
A divulgação feita por Trutis pode ser considerada propaganda enganosa, prevista no artigo 323, do Código Eleitoral. O uso de fatos inverídicos é punido porque cenários e situações mudam a cada eleição, além dos cargos disputados, alianças e filiações partidárias.
A divulgação feita por Trutis pode ser considerada propaganda enganosa, prevista no artigo 323, do Código Eleitoral
Além disso, no caso de Loester Trutis, houve diversos fatos no período de seis anos, os quais podem ter alterado opiniões e posições, como o fato de ele ser réu por suposta farsa no atentado a que teria sido vítima em fevereiro de 2020.
Aplicativo Pardal
O MS em Brasília tem recebido reclamações de leitores sobre a dificuldade para fazer denúncias, como a exploração de vídeos, montagens sobre apoios, entre outras.
O site fez diversos testes e confirmou a dificuldade para denunciar atitudes, ações ou medidas que infrinjam a legislação eleitoral.
É preciso, por exemplo, baixar o aplicativo Pardal, no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cujo acesso se dá por meio dos cadastros do e-título e sougov. No entanto, não foi possível acessar ao sistema com ambas as opções.
Procurada, a Assessoria de Imprensa do Tribunal Regional Eleitoral informou que o sistema Pardal é administrado pelo TSE que, por sua vez, garante não ter constatado qualquer problema no funcionamento do aplicativo.
Outro lado
O ex-deputado Trutis foi procurado pela reportagem, mas não teve retorno até o fechamento da matéria. O espaço está aberto para manifestação do candidato.