BRUNNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
O mochileiro Richard Oliveira causou polêmica nos últimos dias ao fazer duras críticas sobre o preço dos passeios em Bonito, a 300 quilômetros de Campo Grande, considerado um dos melhores destinos do ecoturismo brasileiro.
Os comentários foram publicados na rede social Threads, vinculada ao Instagram, que ganhou visibilidade e milhões de usuários em poucos dias com a censura do Brasil ao Twitter ou X, do bilionário Elon Musk.
“Qual destino famoso brasileiros vocês viajaram e não tem vontade de voltar? O meu é Bonito/MS”, declarou o rapaz, que se identifica como o “Careca do Mochilão”, documentarista e youtuber.
Ele continuou: “Mesmo recebendo propostas pra fazer passeios em troca de divulgação, quando cheguei lá fiquei assustado com os preços tabelados das atrações. Era alta temporada e até mesmo o banho no Balneário Municipal custava 70 reais só pra entrar. Eu sempre gostei de indicar lugares baratos pra viajar ou experiências únicas que valem o dinheiro. Mas tinha trilha/cachoeira que custava mais de R$ 380. Com metade desse valor, eu fiquei frente a um vulcão ativo explodindo lava na Guatemala”, escreveu.
Completou destacando outros destinos turísticos pelo mundo em que, segundo ele, os preços são menores que os de Bonito. “Para vocês terem uma noção, os ingressos a Machu Picchu padrão de Machu Picchu custa R$ 230. Se você procurar os preços de outras atrações famosas do mundo como Taj Mahal, Pirâmides no Egito e até o Coliseu de Roma (R$170), difícil chegar em 380/450 pila. Em suma, fiquei com vergonha de recomendar coisas tão caras no meu canal e vazei da cidade”.
As publicações tiveram alto engajamento dos seguidores, cujas opiniões foram divididas. Coincidentemente, a maioria das reclamações foi de pessoas que moram no Estado. A rede social reúne usuários de todo o país, mas nem sempre o seguidor menciona em que estado ou cidade vive.
A psicóloga e professora Luciana Mariano discordou do mochileiro. Segundo ela, o alto preços dos passeios é para restringir o número de pessoas a fim de preservar a natureza. “Eu, por exemplo, sou do tempo em que se visitava a gruta sem nenhum custo. Caso isso tivesse continuado, provavelmente nem teríamos a gruta como ela é hoje. As pessoas levavam água e tiravam pedras para ter como recordação. Além disso, a manutenção e preservação custam caro”, ponderou.
“Para vocês terem uma noção, os ingressos a Machu Picchu padrão de Machu Picchu custa R$ 230″ — Mochileiro Richard Oliveira
Fotógrafo e documentarista, Maurício Copetti diz que “ecoturismo não é barato nem para quem administra”. Segundo ele, ecoturismo é um conceito de preservação e não de turismo de massa, embora Bonito ofereça alguns locais para receber grande número de pessoas.
Karissa Scaramal concordou com a visão do mochileiro. “Sou de Mato Grosso do Sul e fui lá umas cinco vezes no máximo. Você vai para a praia a 1.200 km e sai mais barato. E não é mentira”.
Fernanda Rodrigues também diz entender o valor alto das atrações em Bonito. “É caro porque restringem o número de pessoas em cada visitação. Todos os atrativos têm projetos de preservação e proteção da fauna e da flora. E isso tem custo. Saí de lá maravilhada”, define.
“Sou de Mato Grosso do Sul e fui lá umas cinco vezes no máximo. Você vai para a praia a 1.200 km e sai mais barato. E não é mentira” — Karissa Scaramal, usuária do Threads
Nessa mesma linha, Arthur Tozzi diz que, “se fosse barato, não iriam mais chamar de Bonito; o nome seria feio. Infelizmente, não há como preservar os rios e o pouco do cerrado que resta se fosse de fácil acesso. Mesmo assim já lota. É como Fernando de Noronha e outros lugares que ainda lutam pela preservação”, acrescentou Tozzi.
Lorena Escobar Saravy sugeriu opções a Bonito ao mochileiro Richard Oliveira, como Bodoquena, a 70 quilômetros de Bonito. “Amigo, caso queira ter as mesmas experiências, procure por Bodoquena, é a cidade vizinha de Bonito. Muito mais tranquilo (e em conta) e lugares de tirar o fôlego. Pagamos 430,00 por pessoa, 2 dias de hotel + 2 passeios, um dos passeios estava incluso almoço + equipamentos”.
Dino Lopes, que mora em Mato Grosso do Sul, concorda com as críticas ao alto custo das atrações em Bonito. “Os valores de Bonito são absurdo”, resume. Patrick Muzzi diz que curtiu bastante Bonito, diz que os preços são altos, mas admite que faz sentido porque a região é bem preservada e estruturada.
“se fosse barato, não iriam mais chamar de Bonito; o nome seria feio. Infelizmente, não há como preservar os rios e o pouco do cerrado que resta se fosse de fácil acesso” — Arthur Tozzi, usuário do Threads
Helen Maya diz que já esteve em Bonito e que ficou “chocada” com os “preços altíssimos”. Thiago Marcengo classificou de “bizarro” o custo do turismo em Bonito. “Andei pesquisando os preços das coisas em Bonito e beiram o absurdo. Qualquer atração, sem nada que justifique um preço extra, custa 300 conto. Bizarro!”.
Sem resposta
O MS em Brasília encaminhou, na manhã de segunda-feira (16), pedido de informações à assessoria de imprensa da Prefeitura de Bonito, mas não recebeu retorno até o fechamento deste material. O espaço está aberto para manifestação sobre os preços dos passeios e outras considerações do município.