ANA CRISTINA MARQUES (*)
Políticos que estão em cargo público têm maiores chances de vencer eleições, principalmente os que buscam a reeleição. Afinal, ao longo de quatro anos eles engordam o caixa 2, além de serem privilegiados pelos partidos políticos na distribuição do dinheiro do fundo eleitoral. E assim vão se perpetuando, com mandatos atrás de mandatos.
Em Campo Grande, são 480 candidatos a vereador, parte de atuais titulares de cadeiras na Câmara Municipal, ex-vereadores e políticos diversos. Todos querem uma vaga. A pergunta é: querem porque pretendem ajudar de fato a resolver os principais problemas da cidade, ou porque buscam simplesmente salário razoável e outra parte status?
Importante destacar que os eleitores têm a obrigação de consultar tudo sobre a vida dos candidatos. Não há negociação quanto a isso. A falta de cuidado do cidadão na hora de votar é que faz com que políticos cheguem a ter 13 mandatos seguidos, como é o caso do deputado estadual Londres Machado (PP).
A mulher dele, Ilda Machado (PP), é prefeita de Fátima do Sul. Nas eleições de 2016, ela foi flagrada tirando dinheiro do sutiã e entregando a uma eleitora. Mas a Justiça Eleitoral a salvou. O casal Machado quer eleger a filha Grazielle Machado (PSDB) vereadora em Campo Grande, cargo que ela já ocupou. Por esse objetivo, eles movem o mundo.
Mas, por que o campo-grandense deve votar na filha do Londres? Está escrito em algum lugar? Não. Pois é. Você não é obrigado a aceitar imposições nem por palavras, muito menos por dinheiro. Por que não escolher outro candidato?
Os eleitores têm a obrigação de consultar tudo sobre a vida dos candidatos. Não há negociação quanto a isso
E qual o sentido eleger o ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT) vereador, depois de tudo o que ele aprontou em cinco anos? Trad simplesmente piorou o que já era ruim com Alcides Bernal e Gilmar Olarte, seus antecessores. O caos que estamos acompanhando atualmente se deve 90% à má gestão de Marquinhos e os outros 10% à sucessora Adriane Lopes.
Os Trad têm gosto pela coisa pública, principalmente ao dinheiro oriundo dela. São mais de 50 anos “mamando nas tetas da viúva”, como se diz. Não conseguem ficar sem emprego público. O sobrinho Otávio Trad, cuja mãe é servidora aposentada (sem concurso, diga-se) da Assembleia Legislativa, é outro. A família dele o vende como algo necessário à capital. Por quê? O outro Trad, o Fábio, é funcionário do Lula em Brasília. O outro, senador.
Não caia nessa conversa fiada. Está escrito em alguma lei que você tem que votar nos Trad? Não. Então por que você cai nesse conto sempre? Faça-os trabalharem.
E Loester Trutis, o Tio Trutis, cuja atividade antes de virar deputado federal em 2018 era fazer lanche? Eleito, expôs arsenal de coisas ruins: um dos piores políticos já surgidos em Mato Grosso do Sul, desde a divisão, em 1977. Marquinhos e Trutis disputam cabeça a cabeça a primazia de ser o pior político deste século. Por que votar em Trutis? Faça-o trabalhar. A propósito, do que vive o ex-deputado, se nem ele nem a esposa trabalha? Há uma série de motivos para que o eleitor escolha outro nome.
Os Trad têm gosto pela coisa pública, principalmente ao dinheiro oriundo dela
E os outros políticos que querem voltar como vereador? A fila é grande: Airton Saraiva, Athayde Nery, Cazuza, Eduardo Romero, Enfermeira Cida Amaral, Marcelo Bluma, Maurício Picarelli, Miltinho Viana, Poppi, Veterinário Francisco, Vinicius Siqueira e Youssif, por exemplo. Alguém sentiu a falta deles na Câmara de Vereadores? Nenhuma.
E os atuais vereadores, por que não mandar para casa ao menos 80% deles? Quem estiver atrás do terceiro mandato em diante não pode ter a bondade do povo. Dê seu voto a quem busca a primeira eleição, ou no máximo a reeleição.
Ayrton Araújo, Betinho, Beto Avelar, Carlão, Chiquinho Telles, Coronel Vilassanti, Delei Pinheiro, Dr. Jamal, Dr. Loester, Junior Coringa, Luiza Ribeiro, Marcos Tabosa, Otavio Trad, Gilmar da Cruz, João Rocha, Juari, Riverton, Papy, Ronilço Guerreiro, Silvio Pitu, Valdir Gomes, William Maksoud e Zé da Farmácia. O que esses nomes têm em comum? A corrida por mais um mandato. Apenas isso.
Não caia novamente na conversa fiada deles. Virou profissão de alguns repetir mandatos seguidos, tudo porque você não sabe escolher seus candidatos.
Marquinhos e Trutis disputam cabeça a cabeça a primazia de ser o pior político deste século
Pegue a ficha dos que estão atrás de você e se atente para isto: está envolvido em alguma denúncia? Está em busca do terceiro mandato ou mais de vereador? Foi vereador e quer voltar? É político antigo e agora resolveu ‘ajudar’ Campo Grande, como o juiz aposentado Odilon de Oliveira? Por que a ânsia de ser vereador, justo ele que em 2022 disputou o Senado?
Mande-os todos caçar sapos nas poucas lagoas de Campo Grande. Escolha o novo, mas o novo com trabalho. Não o novo endinheirado, cuja família quer presenteá-lo com cargo de vereador.
Sem rodear o toco: o eleitor campo-grandense precisa se valorizar mais. Dê um pé no traseiro dos politiqueiros e escolha quem pode fazer algo pela cidade. Não seja novamente o culpado por colocar tanta gente sem escrúpulo para decidir por você.
(*) Socióloga e Cientista Político do mundo, radicada há oito anos em Campo Grande, atrevida, sem tempo para o ‘politicamente correto’