BRUNNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
A farra com o fundo eleitoral ocorre sem pudor e de forma acelerada em Mato Grosso do Sul. Partido de Jair Bolsonaro, o PL despejou R$ 800 mil em dois candidatos a vereador em Campo Grande, o que representa 40% do total de R$ 2 milhões distribuídos aos 30 postulantes ao cargo até o momento pela legenda.
Entre os privilegiados está o ex-deputado federal Loester Carlos Gomes de Souza, o Trutis, réu em processo instaurado pelo Supremo Tribunal Federal em que responde por ter, supostamente, forjado o próprio atentado, em fevereiro de 2020.
A ação foi encaminhada em fevereiro de 2023 ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul devido ao fim do foro especial do então deputado, que não conseguiu se reeleger em 2022.
A outra é Ana Portela, filha do presidente do diretório municipal, Tenente Portela. Cada um embolsou R$ 400 mil, quando a maioria dos concorrentes da sigla recebeu entre R$ 30 mil e R$ 40 mil.
Foram feitos dois repasses aos escolhidos: o primeiro, de R$ 300 mil, no início de setembro (ver aqui e aqui), e o segundo, de R$ 100 mil, na semana passada.
Loester Carlos Gomes de Souza, o Trutis, é réu em processo instaurado pelo Supremo Tribunal Federal em que responde por ter forjado o próprio atentado
Filiados foram às redes sociais criticar a falta de critério na distribuição de recursos do fundo eleitoral, abastecido com dinheiro público, como a candidata a vereadora, a bolsonarista Vivi Tobias.
“Fiquei surpresa com a falta de critério do Portela (presidente do diretório do PL em Campo Grande)”, declarou Vivi Tobias, no início de setembro. “Ele (Portela) disse que as planilhas foram feitas pela Terezinha Cândido, braço direito dele, que é cabo eleitoral da Ana Portela”.
Candidato a vereador que recebeu valor dez vezes inferior e que pediu para não ser identificado com receio de represálias, o que tem ocorrido de forma sistemática, segundo ele, considera afronta aos demais postulantes o volume repassado a dois únicos filiados.
“Um vive a manchar a imagem do partido e do nosso Estado. A outra é filha do presidente do nosso diretório, privilégios que mostram muito bem como o PL é comandado aqui e no país. Somente os dois receberam R$ 800 mil”, reclama.
Em conversa com o MS em Brasília há cerca de duas semanas, Tenente Portela afirmou que os repasses são feitos pelo diretório nacional e que ele não tem participação na distribuição dos recursos.
Tenente Portela afirmou que os repasses são feitos pelo diretório nacional e que ele não tem participação na distribuição dos recursos
Em Mato Grosso do Sul, o PL faz parte de ampla aliança em torno da candidatura à Prefeitura de Campo Grande do tucano Beto Pereira, que é deputado federal e aparece em segundo lugar nas pesquisas divulgadas até o momento.
Além dele, estão na disputa Rose Modesto pelo União Brasil, que lidera as pesquisas, a atual prefeita Adriane Lopes (PP), Camila Jara (PT) e outras três candidaturas com traço nos levantamentos sobre intenções de voto.