BRUNNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
O risco de ficar fora do segundo turno, possibilidade que começou a ganhar ares de realidade nos últimos dias, levou a campanha de Rose Modesto a escalar o vice Roberto Oshiro, ambos do União Brasil, para fazer a chamada “política de ataque” contra os adversários à Prefeitura de Campo Grande.
Na última semana, Oshiro virou personagem principal da campanha do União Brasil na capital, gravando vídeos com críticas e acusações aos concorrentes, especialmente a Beto Pereira (PSDB), o alvo preferido do companheiro de chapa de Rose.
Entre os ataques, a reprovação de contas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), quando ele foi prefeito de Terenos. A irregularidade, no entanto, não gerou inelegibilidade de Beto pelo fato de o TCE não ser o órgão competente para julgar contas de prefeito, atribuição da Câmara de Vereadores, de acordo com a Lei da Ficha Limpa.
Oshiro virou personagem principal da campanha do União Brasil na capital, gravando vídeos com críticas e acusações aos concorrentes
“Destaca-se que, diante da inexistência de decisão proferida pela Câmara Municipal, desde o primeiro trânsito em julgado da decisão da Corte de Contas, o impugnado concorreu e foi eleito aos mandatos de deputado estadual e federal nas eleições de 2016, 2018 e 2022 sem inclusão em listas”, pontuou a defesa do tucano, na ocasião do julgamento da impugnação de Beto.
Em vídeo, Oshiro atacou: “Se você não conhece bem os candidatos de Campo Grande, é fácil acreditar no que dizem por aí. Só que têm coisas que as campanhas não mostram e que podem fazer toda a diferença na hora de escolher em quem confiar o seu voto”.
Na sequência, o candidato a vice de Rose destaca reportagens contra Beto sobre o período em que o tucano administrou Terenos, ignorando decisão recente do TRE que deferiu a candidatura do adversário.
Em outro vídeo, Roberto Oshiro fala sobre a importância da liberdade de expressão ao atacar novamente Beto Pereira, que acionou a Justiça Eleitoral para proibir Rose de chamá-lo de “ficha suja”. A justiça negou o pedido do tucano.
“Em um momento tão delicado para o nosso país em que a censura e a liberdade de expressão estão em pauta, o Beto Pereira foi à Justiça para tentar nos calar. Ele não quer que a população saiba a verdade”, declara o vice.
Censura à imprensa
Ocorre que, um dia depois da publicação desse vídeo, a campanha de Rose teve a mesma atitude de censura, atribuída por ela a Beto Pereira, acionando a Justiça Eleitoral para tentar calar o MS em Brasília.
Na segunda-feira (23), o site publicou artigo (ver aqui) tratando sobre a estratégia dela de se vitimizar durante as campanhas eleitorais. A publicação não agradou à campanha, que entrou na Justiça para retirar o texto opinativo do ar.
Na representação, pediu ainda multa diária e censura prévia, como a proibição do MS em Brasília de publicar reportagens ou matérias com conteúdo semelhante. Todos os pedidos foram negados pelo juiz eleitoral eleitoral Marcelo Andrade Campos Silva.
Na decisão, afirmou que “ocorreu tão somente a opinião expressada em rede social, ato que se enquadra dentro da liberdade de expressão e pensamento, permitido no ordenamento constitucional, e que há de ser preservada” (ver aqui).