BRUNNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
Documento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPE-MS) a que o MS em Brasília teve acesso nega que o nome do deputado federal Beto Pereira, candidato a prefeito de Campo Grande pelo PSDB, tenha sido mencionado em pedido de colaboração premiada sobre suposto esquema de desvio de recursos no Departamento Estadual de Trânsito em Mato Grosso do Sul (Detran-MS).
De acordo com o Ofício nº 0069/2024, assinado pelo procurador-geral de Justiça, Romão Ávila Milhan Junior, em resposta à consulta feita por Beto Pereira sobre as investigações do órgão, “não há menção a nenhum fato envolvendo Humberto Rezende Pereira (Beto Pereira)”, no pedido de colaboração premiada apresentado pelo despachante David Cloky Hoffaman Chita, acusado de comandar esquema de desvio de recursos do Detran no Estado e que está foragido da Justiça.
Segundo o documento do procurador-geral, Hoffaman Chita encaminhou requerimento à Procuradoria-Geral de Justiça “manifestando interesse na celebração de colaboração premiada, solicitando, para tanto, a designação de Membro do Ministério Público Estadual para seu objetivo, sob a alegação de que responde a ações penais e é investigado pela prática de crimes do art. 133-A do Código Penal em Rio Negro, Ponta Porã, Campo Grande e Miranda”.
No documento, o procurador-geral destaca que a legislação que trata sobre colaboração premiada prevê sigilo das partes, mas que o próprio acusado, David Cloky Hoffaman Chita, divulgou sua pretensão à imprensa local, “deixando de tratar como sigiloso o requerimento por ele formulado”.
“Não há menção a nenhum fato envolvendo Humberto Rezende Pereira (Beto Pereira), no pedido de colaboração premiada apresentado por David Cloky Hoffaman Chita” — Procurador-geral de Justiça, Romão Ávila Milhan Junior
“Desta forma, visando atender à solicitação ora apresentada e à vista do contido no pedido formulado pelo pretenso colaborador, importa informar que inexiste, no âmbito da Procuradoria-Geral de Justiça, proposta, tramitação ou acordo de colaboração premiada oriunda do requerimento formulado por David Cloky Hoffaman Chita, bem como informar que no referido documento não houve a menção a fato criminoso envolvendo a pessoa de Humberto Rezende Pereira”, destaca o procurador-geral no ofício encaminhado à defesa do candidato Beto Pereira.
O esquema
O despachante David Cloky Hoffaman Chita é foragido da Justiça, com mandado de prisão por envolvimento em esquemas de corrupção no Detran. É investigado por participar de um esquema de propina e fraude no sistema de cadastro de veículos em que documentos eram “esquentados” em troca de pagamentos indevidos. Essas práticas ilícitas já haviam sido denunciadas em 2020 pela Operação Gravame, que expôs irregularidades no órgão.
O despachante David Cloky Hoffaman Chita é foragido da Justiça, com mandado de prisão por envolvimento em esquemas de corrupção no Detran
“Denúncia montada”
Ao MS em Brasília, a campanha de Beto Pereira afirmou que o candidato é vítima de esquema montado por adversários políticos para tentar manchar a imagem do deputado federal em plena reta final da campanha.
“O ofício expedido pelo procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milan Junior, atesta peremptoriamente que o nome do candidato nem mesmo é citado no pedido de delação premiada feito por David Cloky Hoffaman Chita ao órgão”, informa a assessoria do candidato.
Conclui, questionando sobre quem é o mentiroso. “David Cloky Hoffaman Chita tentou enganar o site Midiamax? O site Midiamax tentou enganar a população para interferir no processo eleitoral? Ou, tanto o despachante quanto o veículo estão em conluio para macular as eleições municipais em Campo Grande?”.