LARISSA ARRUDA, DE BRASÍLIA
Com lugar garantido no segundo turno nas eleições em Campo Grande, após disputa apertada com Beto Pereira (PSDB), cujas diferenças nas votações ficaram dentro da margem de erro das pesquisas, a atual prefeita Adriane Lopes (PP) e a ex-deputada federal Rose Modesto (União) vão decidir quem administrará a 14ª prefeitura mais rica do país a partir de janeiro de 2025.
Adriane ou Rose vai entrar para a história como a primeira prefeita eleita em Campo Grande. Vice do então prefeito Marquinhos Trad (PDT), a atual administradora passou a ocupar o cargo em abril de 2022, em decorrência da renúncia do titular para disputar o Governo do Estado.
Levantamento elaborado pelo perfil Economia Descomplicada, parceiro do MS em Brasília, com base em dados obtidos das câmaras de vereadores, revela que a Prefeitura de Campo Grande tem orçamento de R$ 6,8 bilhões.
O orçamento dos municípios é composto de receitas próprias (ISS, IPTU, ITBI e taxas) e transferências constitucionais da União, como o Fundo de Participação dos Municípios e o Imposto Territorial Rural, e dos estados (ICMS e IPVA). Compõem ainda o orçamento dinheiro de emendas parlamentares, parcerias, convênios e contratos de repasse.
Adriane ou Rose vai entrar para a história como a primeira prefeita eleita em Campo Grande
No topo
A capital São Paulo lidera com orçamento de R$ 111,8 bilhões, volume mais de duas vezes maior que o da capital Rio de Janeiro, com R$ 45,7 bilhões. Os paulistanos vão escolher o prefeito também no segundo turno: Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). No Rio, o prefeito Eduardo Paes (PSD) foi reeleito no primeiro turno.
A terceira prefeitura mais rica, segundo o ranking, é Belo Horizonte, cujo orçamento atinge R$ 19,6 bilhões, seguida de Fortaleza, com 13,1 bilhões. Curitiba fecha o top cinco ao registrar orçamento de R$ 12,9 bilhões em 2024.
A Prefeitura de Campo Grande está à frente de diversas outras capitais, como Teresina (R$ 5,5 bilhões), Belém (R$ 5,3 bilhões), Maceió (R$ 5,3 bilhões, Cuiabá (R$ 4,4 bilhões), João Pessoa (R$ 4,2 bilhões), Aracaju (R$ 3,9 bilhões) e Florianópolis (R$ 3,9 bilhões), por exemplo.
Também aparece à frente de cidades industriais, como Santo André (R$ 5,5 bilhões); Barueri (R$ 5 bilhões), Duque de Caxias (R$ 4,9 bilhões); Osasco (R$ 4,8 bilhões) e São José dos Campos (R$ 4,6 bilhões).
Situação caótica
A condição de “rica” da Prefeitura de Campo Grande, devido ao orçamento de R$ 6,8 bilhões, no entanto, contrasta com a pouca qualidade dos serviços públicos oferecidos à população, assunto que tomou a maior parte do tempo nos debates entre os candidatos no primeiro turno das eleições em Campo Grande.
Nos últimos cinco anos, a Secretaria do Tesouro Nacional tem feito seguidos alertas sobre o risco de a capital sul-mato-grossense decretar insolvência, uma vez que as despesas fixas com a folha de pagamento ultrapassam a 70% da receita corrente líquida (ver aqui).
Nos últimos cinco anos, o Tesouro Nacional tem feito seguidos alertas sobre o risco de a capital decretar insolvência
Dados do Tesouro Nacional de 2023, publicados de forma recorrente pelo MS em Brasília, mostram que a Prefeitura da capital compromete 96,96% das receitas correntes líquidas (ver aqui). Na prática, a cidade dispõe de apenas 3% de recursos próprios para aplicar em saúde, educação, infraestrutura e habitação.
A capital também tem gastos excessivos com a folha do funcionalismo. Na gestão de Trad, eleito vereador com a maior votação, o comprometimento das receitas com o pagamento de servidores chegou a 58%, quatro pontos percentuais acima do limite, de 54%, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (ver aqui). Com Adriane, as despesas recuaram para 53,66%, ainda acima do limite prudencial, de 51%.