LARISSA ARRUDA, DE BRASÍLIA
A eleição presidencial de 2026 pode ter a repetição da dobradinha entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ricardo Nunes (MDB) pelo menos na questão de apoios partidários. Esta é a sinalização que o presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP), deixou no ar ao comentar a vitória do correligionário na eleição de São Paulo no último final de semana.
O governador de São Paulo se tornou o principal cabo eleitoral de Nunes após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter participado pouco da campanha, embora tenha indicado o vice-prefeito na chapa. Baleia Rossi sinalizou a possibilidade de o governador paulista caminhar com o MDB na sucessão presidencial.
Com esse novo desenho para 2026, há a possibilidade de a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), ter que buscar nova casa para se candidatar a cargo eletivo. Em Mato Grosso do Sul, a ex-senadora terá poucas chances de encontrar espaço em razão da mudança de lado nas eleições de 2022, quando apoiou Lula contra Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno.
Em Mato Grosso do Sul, a ex-senadora terá poucas chances de encontrar espaço em razão da mudança de lado nas eleições de 2022
O MS em Brasília apurou que Tebet não é mais prioridade para a direção nacional do MDB. A agremiação saiu das eleições municipais fortalecida ao eleger 855 prefeitos, dos quais cinco em capitais, como Ricardo Nunes em São Paulo. A legenda só ficou atrás do PSD com 887 prefeituras. “O amor pela ex-senadora e agora ministra acabou. O MDB, de Tebet, não existe mais”, declarou parlamentar emedebista na Câmara dos Deputados.
Sem espaço
Além disso, os cargos majoritários – governador e senador — estariam praticamente fechados por seus aliados. Para o governo, ela teria que enfrentar Eduardo Riedel, pré-candidato à reeleição e um dos aliados da ministra. Além disso, o marido de Tebet, Eduardo Rocha (MDB), é secretário na gestão de Riedel, o que praticamente inviabiliza eventual confronto ao Governo do Estado.
A ministra também encontraria dificuldade para sair candidata ao Senado na chapa do atual governador. Comenta-se que o ex-governador Reinaldo Azambuja é pré-candidato ao Senado. Já a segunda vaga na chapa de Riedel estaria bem disputada. Surgem nomes do atual senador Nelsinho Trad e do ex-governador André Puccinelli (MDB), que desistiu de disputar a Prefeitura de Campo Grande para apoiar o tucano Beto Pereira.
Do outro lado, pode haver outras pré-candidaturas ao Senado, como a do ex-deputado Capitão Contar (PRTB) e a do deputado federal Vander Loubet (PT). Também não está descartada a pré-candidatura ao Senado do deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP), que saiu fortalecido nas eleições municipais por ter apoiado a prefeita Adriane Lopes desde o início, quando ela estava atrás de vários concorrentes e com alta rejeição.
Do outro lado, pode haver outras pré-candidaturas ao Senado, como a do ex-deputado Capitão Contar (PRTB)
Essas dúvidas começam a ser criadas devido a uma declaração de Simone Tebet de que não irá mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo, como se desenhava no início de 2023. No entanto, as declarações da ex-senadora não são levadas a sério, uma vez que ela chegou a se lançar candidata ao governo em 2018 e abandonou a disputa uma semana depois.
Elogios a Tarcísio
O presidente do MDB não poupou elogios a Tarcísio de Freitas assim como o próprio Nunes o fez após a confirmação da vitória, na noite de domingo (27).
“Agradeço ao líder maior, sem o qual esta vitória não seria possível: meu amigo, que me deu a mão na hora mais difícil. No final de agosto eu dei uma caída nas pesquisas, foi quando o governador mais entrou no processo. Isso é uma prova do caráter, da lealdade, da pessoa que é o Tarcísio”, disse Ricardo Nunes.
O presidente nacional do MDB também seguiu na mesma linha e afirmou que “claro que nós somos muito gratos ao que o governador Tarcísio fez, se mostrou um grande líder aqui em São Paulo”. Ele, no entanto, ressaltou que o governador ainda não sacramentou a intenção de disputar a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – “o governador tem reiteradamente falado que o projeto dele é a reeleição [ao governo do estado]”.
Ele ainda lembrou que Tarcísio de Freitas segurou a candidatura de Ricardo Nunes no momento mais complicado da campanha, o que demonstrou a aliança entre as duas legendas.
“Quando o Ricardo teve um momento em que as pesquisas mostravam alguma dificuldade, alguma oscilação, muitas vezes os líderes tradicionais se afastam, não querem se envolver, e o governador Tarcísio, ao contrário, abraçou a candidatura e foi muito importante para que a gente pudesse chegar a essa vitória”, disse.
A vitória do MDB em São Paulo é a primeira desde a redemocratização de 1988. Nunes era vice de Bruno Covas (PSDB) em 2020, e assumiu após a morte do prefeito eleito.
Com informações do jornal Gazeta do Povo, do Paraná