COLUNA VAPT-VUPT (*)
A prefeita reeleita Adriane Lopes (PP) assume seu segundo mandato na Prefeitura de Campo Grande em 1º de janeiro de 2025. Ela garantiu mais quatro anos depois de vencer os favoritos Rose Modesto (União Brasil) e Beto Pereira (PSDB) nas eleições deste ano.
Caso a progressista termine o próximo mandato, em dezembro de 2028, terá ficado 12 anos na administração da 14ª cidade mais rica do país (ver aqui). Será recorde histórico em 125 anos de fundação de Campo Grande, desde então administrada por 20 intendentes e por 45 prefeitos. Serão cinco anos e três meses como vice e seis anos e nove meses como prefeita.
Os que mais se aproximam desse tempo são os ex-prefeitos André Puccinelli (MDB) e Nelsinho Trad (PSD) com oito anos de mandatos cada e Marquinhos Trad (PDT), com cinco anos. No caso desses três, os períodos se referem ao cargo de prefeito.
Com isso, o desenvolvimento ou não da capital de Mato Grosso do Sul, nesse período, poderá ser atribuído em parte a ela. Até porque 12 anos correspondem a três mandatos seguidos nos dois principais cargos de um município.
Serão cinco anos e três meses como vice e seis anos e nove meses como prefeita
Adriane Lopes terá grandes desafios nos próximos quatro anos. Antes de qualquer coisa, dar explicações convincentes sobre a folha secreta. As denúncias dos adversários nos últimos dias de campanha deixaram claro a existência de graves irregularidades, cabendo até mesmo investigação do Ministério Público Estadual, sob pena de as instituições cometerem crime de prevaricação.
Em plena década da informação e da transparência, fazer pagamentos milionários “por fora” a uma casta de funcionários é descaso demasiado com dinheiro público. Bem mais que isso, comete-se crime de improbidade administrativa que, combinado com crime de responsabilidade, é passível de impeachment do gestor.
A segunda medida será afastar do prédio da prefeitura o marido deputado Lidio Lopes (Patriota), apelidado de “primeiro-damo”, ou “Janjo”. Não cabe mais esse tipo de influência em uma gestão pública em que a impessoalidade é um dos princípios básicos.
Fazer pagamentos milionários “por fora” a uma casta de funcionários é descaso demasiado com dinheiro público
Mentora da candidatura de Adriane à reeleição, a senadora Tereza Cristina (PP) deverá exercer influência na escolha de secretários e outros cargos de assessoramento direto da prefeita.
Terá também a missão de consertar os estragos que Adriane fez nos debates ao atacar Rose Modesto por sua suposta ligação com o presidente Lula. Tarefa difícil porque já há políticos mexericando para o governo federal boicotar projetos da prefeita reeleita.
Durante a campanha de reeleição, Adriane Lopes assumiu série de compromissos. Resolver os problemas na saúde deve ser a principal medida nos primeiros três meses de governo. Qualquer ação que ultrapasse a esse tempo será vista como incompetência, até porque ela conhece – ou deveria conhecer — todos os diagnósticos do setor.
A falta de conhecimento dos concorrentes sobre a situação fiscal caótica de Campo Grande fez com que a atual prefeita se “deitasse” sobre os adversários (ver aqui).
A folha do funcionalismo caminha para atingir o limite máximo de 54%, dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal. Os gastos brutos com essas despesas ultrapassam a 70% da receita corrente líquida, o que aumenta o risco de insolvência, de acordo com alerta emitido todo ano pelo Tesouro Nacional.
Resolver os problemas na saúde deve ser a principal medida nos primeiros três meses de governo
Outro fator ignorado na eleição é o alto grau de comprometimento da receita corrente líquida, de 96,96%, com as despesas fixas — a pouco mais de três pontos percentuais para Campo Grande gastar mais do que arrecada. Não é ficção. Não é mito. A capital não tem dinheiro em caixa para fazer investimentos.
No final das contas, em 31 de dezembro de 2028 Adriane Barbosa Nogueira Lopes terá escrito história na gestão de Campo Grande. Resta saber se serão páginas positivas ou negativas. Tempo para realizar, gerir e fazer acontecer ela terá tido, muito mais do que todos os outros que passaram pela cadeira de prefeito ou de intendente.
(*) Vapt-vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público