BRASÍLIA
Um achado inesquecível. Em 1922, o arqueólogo britânico Howard Carter fez uma das descobertas mais importantes da história: a tumba quase intacta do faraó Tutancâmon, no Vale dos Reis. Essa descoberta trouxe à luz um tesouro inestimável e revelou muitos segredos sobre o Egito Antigo que eram até então desconhecidos.
Howard Carter dedicou mais de uma década de sua vida à busca pela tumba de Tutancâmon, financiado por Lord Carnarvon. Após inúmeras escavações frustradas no Vale dos Reis, em 4 de novembro de 1922, um menino local chamado Hussein Abd el-Rassul, que trazia água para os trabalhadores, encontrou um degrau de pedra, que estava coberto por detritos, o que havia ocultado a tumba dos saqueadores, que haviam roubado grande parte da história antiga do Egito. A descoberta foi um momento de celebração após anos de esperança.
Visão da tumba
Ao descer os degraus, Howard Carter se deparou com uma visão única: a porta ainda lacrada com o selo original de mais de 3.000 anos. Ao vislumbrar o interior, ele viu um cenário deslumbrante: a antecâmara estava repleta de objetos dourados e reluzentes. Carter exclamou: “Vejo coisas maravilhosas”. Ele havia encontrado a tumba de Tutancâmon, praticamente intacta. Esta primeira visão revelou estátuas, cofres, carruagens desmontadas e uma riqueza de itens que indicavam a importância do faraó.
Quem era Tutancâmon? Tutancâmon subiu ao trono aos nove anos de idade, durante uma época de turbulência religiosa no Egito. Ele é famoso por restaurar o antigo culto aos deuses, que havia sido suprimido por seu pai, Akhenaton, que promoveu o monoteísmo com o culto ao deus Aton. Embora seu reinado tenha sido curto e ele tenha morrido aos 19 anos, a tumba intacta de Tutancâmon proporcionou uma visão incomparável da vida e morte de um faraó jovem que foi venerado como uma divindade.
A Primeira Câmara
A primeira câmara descoberta estava cheia de tesouros de valor incalculável: grandes estátuas dos guardiões do faraó, carruagens de guerra, tronos e cofres. A câmara também continha camas cerimoniais e inúmeros vasos canópicos destinados a guardar os órgãos do faraó durante o processo de mumificação.
No centro da câmara funerária, dentro de um enorme sarcófago de pedra, estava o sarcófago de ouro maciço de Tutancâmon. Este sarcófago continha três caixões, um dentro do outro, protegendo o corpo mumificado do faraó. O caixão mais interno, feito de ouro maciço, é uma das peças mais valiosas da descoberta. Este caixão, decorado com incrustações de vidro colorido e pedras semipreciosas, simbolizava o poder e a divindade de Tutancâmon.
Máscara mortuária
Um dos achados mais famosos é a máscara mortuária de Tutancâmon, feita de ouro e incrustada com lápis-lazúli, quartzo, turquesa e obsidiana. Esta máscara, que cobria o rosto da múmia, tornou-se um símbolo do esplendor do Egito Antigo. Pesando cerca de 11 quilos, a máscara captura a imagem do jovem faraó com impressionante detalhe, incluindo seu olhar sereno e a barba cerimonial.
Outros tesouros
A tumba continha mais de 5.000 artefatos, incluindo joias, amuletos, armas, roupas e móveis. Entre os itens mais valiosos estavam o trono real com incrustações de vidro e pedras preciosas, a sandália de ouro de Tutancâmon, adaga feita com ferro de meteorito e a estátua de Anubis (o deus dos mortos). Cada peça refletia a habilidade artesanal e a riqueza da cultura egípcia, proporcionando uma visão única do luxo e da religiosidade do Egito Antigo.
Lenda da maldição
Logo após a abertura da tumba, a morte de Lord Carnarvon e outras pessoas associadas à descoberta alimentaram rumores de uma maldição. A chamada “Maldição do Faraó” dizia que qualquer um que perturbasse o repouso de Tutancâmon enfrentaria terríveis consequências. A morte súbita de Carnarvon por uma infecção após uma picada de mosquito e outras mortes misteriosas de membros da expedição intensificaram o mito.
Embora muitos cientistas descartem essa ideia como superstição, o mito da maldição persiste até hoje. Curiosamente, Howard Carter, o principal responsável pela descoberta, viveu até 1939, morrendo de causas naturais.
O legado
A descoberta da tumba de Tutancâmon teve um impacto profundo na arqueologia e na cultura popular, dando início à “Egitomania”. Os tesouros encontrados ajudaram a entender melhor o Egito Antigo e inspiraram inúmeras obras de arte, filmes e livros. A maioria dos tesouros de Tutancâmon pode ser vista hoje no Museu Egípcio no Cairo, Egito.