ANTONIO CARLOS TEIXEIRA (*)
Um dos maiores clubes do mundo vendeu uma das revelações do Campeonato Brasileiro de 2024 por 2,5 milhões de euros. O atleta tem 23 anos. Ao mesmo tempo, estaria fechando a compra de um meio-campista, de 29 anos, por 4,5 milhões de euros.
O torcedor santista sabe do que estamos falando. O primeiro jogador é Lucas Barbosa, que fez ótimo campeonato pelo Juventude, o que gerou interesse de ao menos quatro clubes pelo futebol do Menino da Vila.
Com potencial e qualidades diferentes da maioria dos jogadores, Lucas valeria ao menos 5 milhões de euros no atual cenário. É canhoto, 1,94 metro, bom definidor de jogadas e ótimo cabeceador.
O Santos se desfez de possível titular do time, jogador seu, para ir atrás do meia Thaciano, do Bahia. É bom jogador, admito, mas impossível que valha o dobro de Lucas. O inverso seria o lógico, com o menino da base valendo o dobro.
Com potencial e qualidades diferentes da maioria dos jogadores, Lucas valeria ao menos 5 milhões de euros no atual cenário
Comenta-se que a negociação estaria na faixa de 4,5 milhões de euros. Portanto, 2 milhões de euros a mais que o negócio do Lucas Barbosa (teve vendido 80% dos seus direitos). Afirmam ainda que o Bahia estaria abatendo dívida sobre a compra do Jean Lucas. Ou seja, há burro na negociação. E duvido que sejam os homens do City.
Como temos dito desde que Andrés Rueda aportou no Santos, de duas, uma: ou é má-fé, ou incompetência. No caso do Santos, as negociações têm sido tão desastrosas que não dá para pensar apenas em incompetência. O clube está sendo vilipendiado por pessoas que deveriam cuidar da sua saúde financeira, ética e moral.
O presidente Marcelo Teixeira, com quem passei a ter contato há cerca de 40 dias, tem a obrigação de cancelar ou suspender essa negociação sob pena de manchar de forma indelével seu mandato.
Desde o primeiro contato com o presidente, repito, tive boas impressões de que ele estaria disposto a elevar o grau de gestão do Santos, até porque a torcida sofreu demais nos três anos de Rueda.
Como temos dito desde que Andrés Rueda aportou no Santos, de duas, uma: ou é má-fé, ou incompetência
Vi um dirigente disposto a erguer o clube, com ideias modernas, fundamentadas nos principais pilares de gestões atuais, próprias dos grandes administradores. E começou bem ao contratar Pedro Martins, a quem deu a incumbência de escolher o técnico.
Tudo se encaixando, com perdão do trocadilho. Assim, acertamos a contratação do bom Pedro Caixinha, que era o segundo nome da lista deste humilde palpiteiro, encabeçada por outro português, o Luís Castro (ver aqui).
Se a negociação por Thaciano foi iniciada por Alexandre Gallo, ela teria que ser suspensa imediatamente. Se teve o aval de Pedro Martins, o presidente tem que pedir explicações ao novo CEO, ordenando-o que seja interrompida. Jogador do Bahia que pode valer 4,5 milhões de euros é o meia-ofensivo Cauly.
É preciso, como já dissemos em artigos anteriores, que a sangria de maus negócios no Santos seja estancada. Clube nenhum suporta tantas negociações ruins, muitas delas tocadas por empresários, que parecem ter tomado conta da Vila Belmiro.
É preciso, como já dissemos em artigos anteriores, que a sangria de maus negócios no Santos seja estancada
Enquanto o clube de Pelé estiver nas mãos de empresários como Giuliano Bertolucci, vamos seguir sofrendo como fôssemos párias do mundo do futebol. Bertolucci foi parceiro de Andrés Rueda na venda de nossos principais ativos entre 2021 e 2023.
A Pedro Martins cabe estancar esse estado de coisas, que levam o torcedor a sentir tristeza por ver o clube perdendo todas, como se houvesse complô de todos para esfacelar ainda mais a imagem da Instituição a fim de, mais adiante, pagar por ela valor semelhante ao aporte das SAFs de Cruzeiro, Botafogo e Vasco.
Sei que muitos vão torcer o nariz — e não sem razão — mas ainda confio que o presidente Marcelo Teixeira irá impedir essa negociação que desafia a inteligência da torcida. Se ela for finalizada da forma como se anuncia, aí não haverá perdão. O torcedor está cansado de ver o clube ser passado para trás com a participação efetiva da direção superior. Basta!
(*) Torcedor e sócio do Santos, jornalista, assessor na Receita Federal, pós-graduado em Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e especializando-se em Criptoativos – Rastreamento, Ilícitos Criminais e Tributários (RFB).
Perfil Twitter: @actbrasilia