BRUNNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
Após dois anos e nove meses no cargo, a prefeita reeleita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), anunciou ampla reforma administrativa, com promessa de reduzir gastos para investir em obras e projetos na capital.
Para executar o programa de governo nos próximos quatros anos, segundo ela, registrado na Justiça Eleitoral, Adriane vai copiar modelo de gestão bem-sucedido, criado pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) em 2015, quando era secretário do também tucano Reinaldo Azambuja (2015-2022).
De acordo com a prefeita, os próximos quatro serão marcados por uma gestão prática e de realizações para atender as cobranças feitas pela população sobre saúde, educação e infraestrutura.
A base administrativa, segundo ela, funcionará no modelo “contrato de gestão” em que cada área responderá com resultados, sob o risco de o titular ser demitido se não cumprir as metas, como ocorre no Governo do Estado.
“Vamos anunciar o secretariado gradativamente e todos vão assinar o contrato de gestão para que possamos cobrar a execução do programa planejado. Na iniciativa privada funciona desta forma: o gestor contratado tem que dar resultados. Se não der, é trocado”, afirmou a prefeita em entrevista ao portal Primeira Página em Campo Grande.
A base administrativa, segundo a prefeita, funcionará no modelo “contrato de gestão”
O Contrato de Gestão, atualmente coordenado pelo secretário de Estado, Rodrigo Perez, define as metas de cada secretaria, autarquia e fundação para melhorar os serviços públicos entregues ao cidadão. O programa estadual venceu o Prêmio Excelência de Competitividade “Boas Práticas”, do Centro de Liderança Pública.
A prefeita diz que conhece os problemas de todas as áreas e que o mandato que se iniciou dia 1º será marcado pela realização de obras e projetos. Garante que a reforma administrativa reduzirá o tamanho da prefeitura, com expectativa de economizar R$ 200 milhões anuais para, segundo ela, “investir na cidade”.
Também se comprometeu a zerar a fila de espera nas Escolas de Educação Infantil nos próximos dois anos, estimada em 5 mil alunos, segundo informações dadas por ela à TV Morena.
Reforma administrativa reduzirá o tamanho da prefeitura, com expectativa de economizar R$ 200 milhões anuais
Disse que pretende melhorar o atendimento nas unidades de saúde, com uso da tecnologia. “Peguei Campo Grande com atraso tecnológico muito grande”, resumiu.
Sobre a situação fiscal do município, Adriane Lopes disse que conseguiu melhorar alguns indicadores, como os gastos com a folha de pessoal. Segundo ela, o comprometimento das receitas caiu de 59,16% em 2021 para 53,70% em 2023 durante a primeira gestão, que durou dois anos e nove meses.
“Vamos ajustar as despesas e recuperar a capacidade de investimento da prefeitura. Fiz muito e quero fazer muito mais. Gestão fiscal pronta para próximo desafio. Melhoramos bem os números, mas precisamos continuar os ajustes. Estamos diminuindo o tamanho da máquina”, comentou.
“Vamos ajustar as despesas e recuperar a capacidade de investimento da prefeitura” — Prefeita Adriane Lopes
Descartou a demissão de funcionários comissionados, nomeados politicamente, com argumento de teria pouco impacto na folha de pagamento. “Não é o que impacta o número de servidores. Eu já diminuí quando assumi”, desconversou.
Situação ruim
A Prefeitura de Campo Grande compromete quase 97% das receitas correntes líquidas com gastos fixos, restando 3% para investimentos. Os dados são de 2023 e colocam a capital com a quinta pior situação fiscal entre os 79 municípios (ver aqui).
Prefeitura de Campo Grande compromete quase 97% das receitas correntes líquidas com gastos fixos
Já em relação aos gastos com a folha de pagamento, a prefeitura está perto de atingir o limite constitucional, de 54% da receita corrente líquida (ver aqui).
São dois indicadores fundamentais para a saúde fiscal do município e que dão bem a ideia do buraco em que Campo Grande está metida há quase uma década por falta de medidas de austeridade.