COLUNA VAPT-VUPT (*)
Muitos vão dizer — e não sem razão — que o vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, deu tiro n’àgua ao declarar que reforçou convite para o governador Eduardo Riedel e o ex-governador Reinaldo Azambuja, ambos do PSDB, filiarem-se ao seu partido, o PSD.
Isso porque o cenário estadual nunca receberia essa notícia com sorriso largo. A sugestão é fora da realidade em relação ao que pensa a maioria da população sul-mato-grossense, majoritariamente de direita.
Há movimentos contra o PSD, que é o partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e no Estado do senador Nelsinho Trad. O político mineiro é aliado de primeira hora dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do presidente Lula. Tem sido a barreira para que se abram processos de impeachment contra ministros da Corte Suprema.
Pacheco tem grande inclinação por membros desses dois poderes. O interesse do presidente do Congresso, evidentemente, choca-se com as pretensões de correntes bolsonaristas em todo o país, as quais pretendem eleger o maior número de senadores em 2026.
Há diversos movimentos contra o PSD, que é o partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e no Estado do senador Nelsinho Trad
Com bancada majoritária de direita no Senado, eventuais pedidos de impeachment de ministros do STF, como de Alexandre de Moraes e de Luís Roberto Barroso, teriam encaminhamento. Estaria, digamos, aberta a guilhotina para colocar cabeças do Judiciário a prêmio.
Outra certeza é de que Pacheco irá trabalhar para minar as chances de a direita eleger senadores insatisfeitos com o ativismo e o autoritarismo do STF, o que exigiria mudança de postura dos membros da Corte.
Barbosinha, ao dar tal declaração ao Correio do Estado, na última segunda-feira (6), desconsidera, repita-se, tais desejos da direita sul-mato-grossense, responsável pela eleição de Eduardo Riedel em 2022 e possivelmente por sua reeleição em 2026, sem muitos problemas.
Com bancada majoritária de direita no Senado, eventuais pedidos de impeachment de ministros do STF teriam encaminhamento
Já a eleição para duas vagas ao Senado em Mato Grosso do Sul deverá ser uma das mais disputadas, como o próprio Reinaldo Azambuja, o ex-deputado e candidato a governador em 2022 Capitão Contar (PRTB), Nelsinho Trad, o deputado federal petista Vander Loubet, entre outros.
O que mais reverbera no momento, que se pontue, é a possibilidade de Riedel e Reinaldo migrarem para legendas comandadas nacionalmente por políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o deputado federal Valdemar da Costa Neto, do PL, e o senador Ciro Nogueira, do PP.
Há ainda a hipótese de ambos permanecerem no PSDB, embora bastante desidratado no cenário nacional, com as principais lideranças de outrora praticamente aposentadas da política. Contudo, seria menos ruim a Riedel e a Reinaldo seguirem na agremiação do que comprar briga com o eleitor do Estado, caso migrem para o PSD, por exemplo.
Além da facilidade de conversar sobre as mesmas pautas no PL e PP, governador e ex-governador estariam em partidos com orçamento robusto em razão dos fartos recursos do fundo eleitoral, suficientes para custear os gastos da campanha em 2026.
Seria menos ruim a Riedel e a Reinaldo seguirem no PSDB do que comprarem briga com o eleitor do Estado, caso migrem para o PSD
Mais do que isso, PL e PP têm grandes chances de caminharem juntos em Mato Grosso do Sul, contando com o MDB, sigla que se fortaleceu bastante nas eleições de 2024. Elegeu 864 prefeitos, entre eles Ricardo Nunes, em São Paulo, atrás justamente do PSD, com 891 gestores eleitos.
Daí a percepção de que o vice-governador deu tiro n’àgua ao declarar, publicamente, que tem reforçado convite a essas duas grandes lideranças do Estado para de juntarem a Pacheco e ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Nas ruas, talvez não se fale nisso, mas, no mundo virtual, a declaração do vice pulsa.
(*) Vapt-vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público