LARISSA ARRUDA, DE BRASÍLIA
— Mulher do céu, que esmalte é esse? — pergunta seguidora, marcando a senadora Soraya Thronicke em sua conta no X.
— Nem eu sei, gente! Mas a Claudiane sabe! Vou perguntar e depois conto pra vocês. – responde a senadora.
— É preto. – antecipa-se outro seguidor.
— Acho que não… Acho que é meio marrom… Não é totalmente preto. É meio furta-cor, gente. – tenta explicar a senadora.
Esses diálogos ocorreram em 17 de dezembro passado (ver reproduções abaixo) e estão registrados no perfil da senadora no X, ex-Twitter. Era uma terça-feira, quando a pauta do Senado estava carregada de matérias para ser votadas, como medidas provisórias e projetos de lei.
Nesse dia, Thronicke, contudo, teve tempo suficiente para discutir sobre a cor do esmalte que estava usando, inclusive prometeu acionar a assessora Claudiane para tirar dúvida, como se fosse algo importante.
Tais registros desmentem vídeo que Thronicke publicou na última quarta-feira (15) no seu perfil no Instagram, em que valoriza seu trabalho parlamentar, dizendo que não foi eleita para ser “blogueira ou influencer” (ver vídeo abaixo).
Em rápida visita ao perfil dela no X, é possível constatar interações semelhantes rotineiramente. A maioria das contas é falsa, com nomes pitorescos e fotos da senadora nos perfis, conhecidos como “levantadores de bola”, encarregados de iniciarem assuntos para gerar engajamento.
Apesar do vídeo publicado, a parlamentar se comporta como blogueira há vários anos. Em 22 de fevereiro de 2023, por exemplo, o MS em Brasília publicou reportagem mostrando que a senadora gastava tempo com interações fúteis e triviais no então Twitter (ver aqui).
Maioria das contas é falsa, com nomes pitorescos e fotos da senadora nos perfis, conhecidos como “levantadores de bola”
Sob o título “Soraya Thronicke banaliza cargo de senador com futilidades em rede social” e subtítulo “Sem afinidade com o eleitor de MS, senadora perde tempo no Twitter interagindo com perfis falsos sobre assuntos banais”, o site comprovou suas afirmações com uma série de reproduções dessas interações.
À época, a reportagem gerou uma série de ataques de perfis fakes contra o MS em Brasília. O material recolhido foi encaminhado às autoridades em Mato Grosso do Sul. O site comprovou também que alguns seguidores eram menores de idade.