COLUNA VAPT-VUPT (*)
O ex-presidente Jair Bolsonaro é a figura política mais admirada e seguida no Brasil. Nem o presidente Lula (PT) consegue ser páreo para ele, como reunir milhares pessoas com simples estalar de dedos.
Quem se posicionar contrariamente a essa constatação tem que apresentar provas incontestes, como pesquisas de institutos idôneos e que zelem pela verdade.
Tanto é que Lula não aparece em locais abertos, livremente, ao público. Para onde vai, há forte esquema de segurança e plateia escolhida a dedo, de preferência, manifestantes vinculados a sindicatos e ONGs, os quais vivem de dinheiro público há décadas.
Jair Bolsonaro, contudo, é inconsequente quando se trata de costurar acordos políticos, negociação inerente a quem se propõe estar no meio. Age como biruta de aeroporto. Um líder popular que é fracasso na arte de fazer política. Está sempre metido em polêmicas porque não sustenta o que diz, nem segura a língua quando discute alianças partidárias.
Jair Bolsonaro, contudo, é inconsequente quando se trata de costurar acordos políticos, negociação inerente a quem se propõe estar no meio
A política, ao contrário do que pensam os pessimistas, é lugar de gente honesta (jovem ou idosa), que cumpre a palavra, com ideais e olhar coletivo. Quem faz diferente está, evidentemente, no caminho errado e merece, digamos, ser enxotado da vida pública. O que não é o caso, que fique claro, de Bolsonaro, apesar das derrapadas por palavras ditas sem se dar conta da repercussão.
Em 2022, por exemplo, o então presidenciável anunciou apoio ao candidato do PSDB ao Governo de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel. Acordo selado entre quatro políticos e três partidos: o PL, de Bolsonaro; o PP, de Tereza Cristina, candidata ao Senado; e o PSDB, de Riedel e do governador Reinaldo Azambuja. Aliança, aparentemente, imune a contratempos. Ilusão.
Na reta final do primeiro turno, em debate presidencial mostrado ao vivo pela TV Globo, o então presidente Jair Bolsonaro roeu a corda em rede nacional: pediu votos ao candidato bolsonarista Capitão Contar, do PRTB. A mudança de rumo foi provocada por declaração da senadora Soraya Thronicke (Podemos), sua inimiga política e presidenciável de ocasião, que o chamou de infiel.
A política, ao contrário do que pensam os pessimistas, é lugar de gente honesta (jovem ou idosa), que cumpre a palavra, com ideais e olhar coletivo
O acordo desfeito para as eleições teve impacto imediato em Mato Grosso do Sul. O cenário, a partir daquele momento, era totalmente incerto. Havia ao menos três candidatos disputando voto a voto duas vagas no segundo turno a dois dias das eleições. Sobrou para o emedebista André Puccinelli, que ficou fora do turno suplementar.
Para “azar” de Bolsonaro, seus dois candidatos do primeiro turno foram ao segundo: Eduardo Riedel, aliado até três dias antes das eleições, e Capitão Contar, candidato dele na chegada do primeiro turno. Ele teria que se posicionar.
Bolsonaro manteria o apoio a Contar, ou voltaria atrás, apoiando Riedel? Pediu voto ao tucano. No fim de tudo, Eduardo Riedel foi eleito governador com mais de 196 mil votos de frente sobre Capitão Contar.
Na verdade, o ex-presidente se comporta da mesma forma que o PL em Mato Grosso do Sul. Nacionalmente, Bolsonaro só admite que ele, ou sua mulher Michelle, ou um dos filhos seja candidato a presidente pela direita.
Na verdade, o ex-presidente se comporta da mesma forma que o PL em Mato Grosso do Sul
Irrita-se quando ouve outras opções, como os governadores Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, mesmo estando inelegível por conta de decisão excessiva do Tribunal Superior Eleitoral. Mas é preciso pensar em outra hipótese, caso o Supremo Tribunal Federal mantenha a decisão do TSE, o que seria o segundo maior absurdo contra o ex-presidente.
Em Mato Grosso do Sul, o PL está a serviço dos parentes de seus líderes. Todos os cargos-chave estão ocupados por maridos, esposas, filho. O deputado federal Rodolfo Nogueira quer a mulher dele pré-candidata ao Senado; o deputado federal Marcos Pollon também pensa em eleger sua esposa, provavelmente a deputada estadual.
O presidente estadual da sigla, Tenente Portela, está encaminhando a família politicamente. Repassou R$ 400 mil para a campanha da filha, garantindo sua eleição como vereadora em Campo Grande. Sabe-se também que Portela prepara o filho para virar político. Tudo para eles, nada para os aliados.
Em Mato Grosso do Sul, o PL está a serviço dos parentes de seus líderes. Todos os cargos-chave estão ocupados por maridos e esposas
Como se vê, o PL em Mato Grosso do Sul tem um quê de Jair Bolsonaro. Ambos colocam a agremiação à disposição da parentada. Não se importam com os filiados, meros espectadores, ou avalizadores das decisões familiares. Clãs em Campo Grande e Dourados.
A soma de tudo isso, pelo menos nas eleições municipais em Mato Grosso do Sul, foram danosas ao PL estadual. Elegeu apenas cinco dos 79 prefeitos — a maioria sem apoio da sigla, mas com a presença de Capitão Contar, que é do PRTB, como ocorreu em Sidrolândia e Naviraí. Resultado vexaminoso para o partido do maior líder da direita do país. Faltou juízo; sobraram birutas.
(*) Vapt-Vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público