LARISSA ARRUDA, DE BRASÍLIA | BRUNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
Líderes do Partido Progressista (PP) não escondem os objetivos ambiciosos da agremiação com vistas às eleições de 2026 em Mato Grosso do Sul, especialmente quanto aos cargos de senador, deputado federal e deputado estadual.
Atenta à intensa movimentação de outros partidos por conta das fusões e incorporações, a presidente estadual da legenda, senadora Tereza Cristina, tem conversado com diversos políticos para fortalecer ainda mais a sigla a fim de conquistar o maior número de vagas nos legislativos federal e estadual.
Até porque, em relação ao governo, a parlamentar está fechada com reeleição de Eduardo Riedel (PSDB), cujo destino partidário ainda é incerto. O governador pode até mesmo continuar no PSDB, caso a legenda decida não se fundir com outro partido.
Atenta à intensa movimentação de outros partidos por conta das fusões e incorporações, a senadora Tereza Cristina tem conversado com diversos políticos
Riedel e seu antecessor, o ex-governador Reinaldo Azambuja, receberam diversas propostas para trocar o PSDB por outra agremiação. Entre elas, do PL, presidido pelo deputado federal Valdemar da Costa Neto (SP); do PP, do senador Ciro Nogueira (PI); e do PSD, de Gilberto Kassab (SP).
Chapa inchada
O MS em Brasília apurou que a lista de pré-candidatos a deputado federal, somando-se os atuais eleitos, pode passar de 20 nomes em condições razoáveis de buscarem uma das oito vagas. A maioria dos pretendentes é ligada à senadora Tereza Cristina.
Além de Riedel e Reinaldo, que deve ser pré-candidato a senador, estão na alça de mira dela os deputados federais Geraldo Resende e Beto Pereira, a deputada estadual Mara Caseiro, além do ex-prefeito de Ponta Porã e ex-secretário de Obras de Riedel, Hélio Peluffo.
Todos eles acomodados no ninho tucano. Caseiro, contudo, teria pretensões de disputar uma das oito vagas de deputado federal, o que aumentaria ainda mais a concorrência pelo cargo.
Riedel e seu antecessor, o ex-governador Reinaldo Azambuja, receberam diversas propostas para trocar de time
No PSD, há ainda interesse do secretário de Estado Jaime Verruck e do vice-governador Barbosinha pela mesma vaga. O mesmo ocorre no PP. Há informações de que o atual presidente da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul, Marcelo Bertoni, quer ser deputado federal, além do secretário-geral e tesoureiro do Progressista no Estado, Marco Aurélio Santullo.

Outros potenciais pré-candidatos a deputado federal são o secretário de Obras de Campo Grande, Marcelo Miglioli, e o secretário-adjunto da Casa Civil, Walter Carneiro Junior, o Waltinho (PP).
Miglioli, contudo, sonha em disputar novamente o Senado. Em 2018, ele concorreu e ficou na quarta colocação, atrás de Nelsinho Trad (PSD), Soraya Thronicke (Podemos) e Moka (MDB). Exceção a Barbosinha, todos os outros têm ou terão as bênçãos de Tereza Cristina.
Waltinho, contudo, pode renunciar à disputa para coordenar as campanhas a governador e a senador do grupo de Riedel e Reinaldo, segundo apurações do MS em Brasília.
Partido familiar
Ao mesmo tempo, o PL enfrentará dificuldade para atrair novos filiados com potencial de votos. A sigla é comandada no Estado por Tenente Portela, primeiro-suplente de Tereza Cristina no Senado. O militar da reserva foi citado na delação do tenente-coronel Mauro Cid sobre a suposta tentativa de golpe, denunciada pela Procuradoria-Geral da República (ver aqui).
A sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro tem agido como partido familiar nos últimos anos em Mato Grosso do Sul, cujas articulações giram em torno de privilegiar filhos, maridos e esposas de políticos. É o caso de Portela e do deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), que se encontram com o ex-presidente apenas para “ajeitar ” e “acomodar” familiares.
Nogueira, por exemplo, quer empurrar a mulher dele, Gianni Nogueira, como pré-candidata ao Senado em 2026. Sem densidade eleitoral, a esposa do parlamentar contaria com Bolsonaro, embora as últimas eleições tenham mostrado o eleitor mais atento, em razão do fator Soraya Thronicke (Podemos) e Loester Trutis (PL).
Nogueira, por exemplo, quer empurrar a mulher dele, Gianni Nogueira, como pré-candidata ao Senado em 2026
O fato de se fechar entre clãs familiares, em Campo Grande e Dourados, por exemplo, levou o PL a ganhar apenas cinco das 79 prefeituras sul-mato-grossenses em 2024. Número considerado “vexatório” por se tratar do maior partido do país, com recursos do fundo eleitoral suficientes para eleger mais prefeitos e vereadores.
PSDB e MDB
PSDB e MDB, por sua vez, aguardam definições das executivas nacionais para se movimentarem com vistas às eleições de 2026.
Do lado tucano, o governador Eduardo Riedel disse, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, segunda-feira (17), que a situação está indefinida em decorrência dos interesses regionais. Afirmou que a direção da sigla está tendo o cuidado para não embaralhar o processo nos estados.

Já os emedebistas esperam a sinalização do presidente nacional da sigla, deputado federal Baleia Rossi (SP). A presença no MDB da ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, contudo, preocupa a cúpula, já que ela declarou apoio à reeleição de Lula.
O governador Eduardo Riedel disse, no programa Roda Viva, que a situação está indefinida em decorrência dos interesses regionais
O presidente estadual do MDB, o ex-senador Waldemir Moka, secretário de Relações Institucionais do Estado em Brasília, adianta que o partido está fechado com a reeleição de Riedel. “O MDB está unido em torno da reeleição do governador, que faz um grande governo”, declarou Moka ao tomar posse como secretário.
No PT, há poucas movimentações sobre fusão e incorporação, uma vez que o partido do presidente Lula tem pouco a ganhar com essas mudanças para 2026, uma vez que a maioria dos partidos de esquerda saiu fragilizada das eleições municipais, como o próprio PT, principalmente em Mato Grosso do Sul.