COLUNA VAPT-VUPT (*)
A senadora Tereza Cristina não é dada a destemperos verbais. Pelo menos não se viu até hoje gestos nesse sentido da presidente estadual do Partido Progressista (PP). Sempre gentil, mas firme em suas convicções.
Nessa semana, contudo, a parlamentar parecia tomada por sentimento de mágoa em razão das críticas contra a prefeita Adriane Lopes, cujo início de segundo mandato tem sido desesperador.
Ao participar de um evento na capital, Tereza Cristina deu declaração, no mínimo, despropositada, o que foge, repita-se, do seu estilo polido. Afirmou que os críticos terão que engolir a prefeita Adriane Lopes, quando “a história mudar”. A propósito, mudanças são obrigatórias e urgentes.
Textualmente, ela declarou, segundo o site Campo Grande News: “Nós, mulheres, somos frágeis, mas firmes, e nada faz com que a gente desista! Ela (Adriane) vai virar a página de muita coisa que precisa ficar no passado. Fique firme, forte e olhe para frente, que a história vai mudar. Vocês aí que estão jogando pedra e pau, vão engolir o que estão dizendo”.
“Vocês aí que estão jogando pedra e pau, vão engolir o que estão dizendo” — Senadora Tereza Cristina sobre a gestão de Adriane Lopes
Ora, o povo campo-grandense ambiciona que a cidade melhore o mais rápido possível, em todos os aspectos, como a desorganização fiscal e financeira, o centro de toda a crise. Há um abandono administrativo do município. O mato tomou conta de ruas, praças e avenidas.
O caos na saúde parece ter-se ampliado, a julgar pelas notícias e reclamações de pacientes nas redes sociais. ‘As pedras e os paus que têm sido jogados na administração da capital’ são de uma população cansada de tantas gestões perniciosas. Lá se vai uma década pelo menos.
Há que se lembrar que Adriane só disputou a reeleição porque a senadora a abraçou e a levou para o seu partido. Não havia as mínimas chances de ela conquistar um segundo mandato sozinha. Tereza é, portanto, fiadora de mais quatro anos à prefeita.
‘As pedras e os paus que têm sido jogados na administração da capital’ são de uma população cansada de tantas gestões perniciosas
Os dois anos e nove meses do primeiro mandato foram cheios de denúncias de irregularidades, como o pagamento de salários milionários a um grupo privilegiado de servidores, licitações direcionadas, caos administrativo e financeiro, e situação fiscal fora de controle.
A população, no entanto, acreditou que as promessas feitas em 2024 pudessem ser cumpridas. O que se ve é uma gestão perdida, sem programa de governo, com os velhos problemas se avolumando cada dia mais.
Os indicadores fiscais tiveram pequena melhoria, mas não suficientes para garantir recursos próprios para investir em áreas vitais. Talvez a senadora não saiba, mas Campo Grande gasta 97% da sua receita corrente líquida com despesas fixas. Sobram apenas 3% para investimentos. O que é isso para cidade com mais de 900 mil habitantes?
O que se ve é uma gestão perdida, sem programa de governo, com os velhos problemas se avolumando cada dia mais
Mesmo se concluir o atual mandato de forma melancólica, como se desenha neste momento, Adriane deverá mergulhar no ostracismo. Será esquecida, assim como foram Alcides Bernal, Gilmar Olarte e, aparentemente, Marquinhos Trad, pelo menos sobre a chance de disputar cargos relevantes.
Tereza, ao contrário, será lembrada todo dia pelos campo-grandenses. Ela já foi secretária de Estado, deputada federal, ministra e agora senadora. Mais adiante, ficará conhecida como “madrinha” da primeira prefeita eleita em Campo Grande, cujas gestões entraram para a lista das piores na história.
Parlamentar de respeito, Tereza Cristina tem de entender que, se há alguém que mereça botar para fora suas angústias, inquietações e situações desafiadoras, é o povo.
Quem criou o problema chamado “Adriane Lopes” deve administrar as consequências e se responsabilizar pela solução para, somente depois, “cantar de galo”, mesmo que não tenha sido essa a intenção.
(*) Vapt-Vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público