BRASÍLIA
Com a posse de ministra do Planejamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcada para esta quinta-feira (6), a senadora Simone Tebet (MDB) assumiu que está alijada politicamente em seu Estado, Mato Grosso do Sul, reduto do bolsonarismo e onde fez carreira política, assim como o pai, Ramez Tebet (ver vídeo abaixo).
Em vídeo divulgado em diversas redes sociais, Tebet afirma que não tem sido convidada para batizado, aniversário nem casamento. “Estou cancelada nas redes sociais do meu Estado”, diz, rindo.
Simone Tebet, que fez forte oposição ao então governo Dilma Rousseff e que votou pelo impeachment da petista em 2015, tem consciência do seu desgaste perante os eleitores sul-mato-grossenses ao dizer que não se elege nem para síndica do prédio onde mora, por enquanto, em Campo Grande.
“Aliás, eu não me elejo nem para síndica do meu prédio, que tem 20 andares, 20 apartamentos. Dos 20, apenas três ainda conversam comigo”, admite a futura ministra. Acrescenta, no entanto, que não ve problema porque, segundo ela, está fazendo o que é certo.
Aliás, eu não me elejo nem para síndica do meu prédio, que tem 20 andares, 20 apartamentos — Simone Tebet, futura ministra de Lula
MDB de MS
Simone Tebet não é benquista nem dentro do seu próprio partido em Mato Grosso do Sul. Em 2022, a senadora tomou decisões sem ouvir seus companheiros de legenda e não participou os programas eleitorais dos candidatos emedebistas do Estado, como do ex-governador André Puccinelli, de quem foi vice e que a projetou politicamente.
Em 2018, a então senadora foi escolhida em convenção do partido candidata ao governo para enfrentar o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que se reelegeria. Menos de uma semana depois, ela anunciou sua desistência. Internamente, alegou que tomou a decisão por questões pessoais, o que não foi engolido até hoje pelos correlegionários.
Como afirmado em diversas ocasiões pelo MS em Brasília, Simone Tebet deverá trocar Mato Grosso do Sul por São Paulo, passando a ter domicílio eleitoral na maior cidade do país, de olho em possíveis candidaturas mais adiante.
Simone Tebet não é benquista nem dentro do seu próprio partido em Mato Grosso do Sul
Ataques a Lula
No primeiro turno da campanha presidencial, quando terminou em terceiro lugar, a senadora citou os casos de corrupção nos governos do PT, como mensalão e petrolão”, em resposta a um questionamento feito pelo então candidato Lula sobre se houve ou não corrupção no governo Bolsonaro na compra de vacinas.
“O Lula me perguntar sobre corrupção? Por favor, né? Não estou aqui para passar a mão em ninguém não”, disse Simone em agosto do ano passado, em ato de campanha em São José dos Campos (SP).
“O Lula me perguntar sobre corrupção? Por favor, né? Não estou aqui para passar a mão em ninguém não” — Sobre Lula, durante a campanha
“Ele (Lula) veio e perguntou: ‘teve ou não teve corrupção (no governo Bolsonaro)?’ Ele podia ter ficado sem essa, né? Eu respondi que teve muita, mas que começou lá no governo dele com o mensalão e petrolão” afirmou a senadora, que ganhou visibilidade ao participar da CPI da Covid, no Senado.