CAMPO GRANDE
A juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, aceitou denúncia do Ministério Público contra o ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, por crimes sexuais praticados contra 7 mulheres. A magistrada recebeu a denúncia do Ministério Público Estadual em 9 de novembro, mas ela só foi divulgada nesta segunda-feira (9).
Marquinhos deixou a prefeitura de Campo Grande em 1º de abril de 2022 para concorrer ao governo do Estado. Terminou a disputa em sexto lugar. Ele é irmão do senador Nelsinho Trad e do deputado federal não reeleito Fábio Trad, ambos do PSD, partido que a família controla em Mato Grosso do Sul.
O político foi denunciado pelos crimes de assédio sexual (1 vítima), importunação sexual (3 vítimas) e por favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (3 vítimas). Ao final das investigações, das 16 mulheres que fizeram as denúncias, 7 permaneceram no inquérito.
No caso das demais mulheres, em sua maioria as denúncias não foram levadas adiante porque os crimes prescreveram. No inquérito que tramitou na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), foram investigados casos ocorridos a partir de 2005.
Jornal Metrópoles
As denúncias contra Marquinhos Trad vieram a público em abril, por meio de matéria do site Metrópoles, pelo jornalista Guilherme Amado, que teve acesso aos boletins de ocorrência com as queixas prestadas por quatro mulheres – mais tarde, uma delas voltou atrás após ser cooptada por um ex-assessor do político, que está preso.
Marquinhos Trad sempre negou as acusações, mas argumentou que fez sexo consentido com duas das mulheres que o acusaram. “Uma tentativa covarde, rasteira. Estão desesperados porque estamos em primeiro nas pesquisas, mas não conseguirão mudar a vontade da população de dar um basta nesta gente que administra pensando nos próprios interesses e é capaz de tudo para conseguir o que quer. Já tentaram isso em 2020 e a própria polícia considerou uma armação”, disse.
Depoimento
No dia 19 de outubro, depois de falar à delegada Maíra Pacheco Machado por aproximadamente três horas, Marquinhos Trad atacou o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e evitou falar de fato das acusações. Para ele, o caso foi “armação política”.
“Uma das maiores armações políticas, institucionais e estatais que este Estado já viu. Infelizmente refletiu nas urnas, e o tempo vai mostrar que foi uma verdadeira crueldade que fizeram. Logo vocês vão ficar sabendo”, comentou, depois de horas de depoimento.
Improbidade
Na peça em que denuncia Marquinhos Trad, o promotor Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha destaca que conforme se observa na Portaria de instauração do presente Inquérito Policial, foi expedido ofício ao Delegado-Geral da Polícia Civil/MS, informando a respeito da instauração destes autos, bem como foi encaminhada cópia dos autos para as providências cabíveis quanto ao eventual crime de Lei de Improbidade Administrativa, em tese, praticado pelo ex-chefe do Poder Executivo Municipal, Marcos Marcello Trad”.
O promotor se refere ao fato de que Marquinhos Trad, conforme informaram várias vítimas, teria praticado sexo em seu gabinete no Paço Municipal.
Retorno à AL
Efetivado funcionário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, sem concurso, em 1988, o ex-prefeito curte seus últimos meses de afastamento do cargo. Para disputar o governo, ele teve que pedir licença por um ano na AL, cujo prazo termina em 31 de março próximo. A licença só seria prorrogada automaticamente se o político tivesse ocupando cargo eletivo no Executivo ou Legislativo.
Com informações do site Vox MS