CAMPO GRANDE
O deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD) fez duras críticas ao fato de, segundo ele, Campo Grande ter pelo menos 40 favelas. As cobranças foram feitas durante lançamento, sexta-feira (23), do programa “Bônus Moradia” pelo Governo do Estado.
A ação prevê investimento de R$ 400 milhões para subsidiar a compra da casa própria para pessoas com renda entre R$ 1,5 mil e R$ 6,5 mil. A expectativa é que sejam atendidas 2.200 famílias, segundo o governador Eduardo Riedel (PSDB).
Em publicação nas redes sociais, Pedrossian Neto afirmou ser inadmissível que um Estado com as características de Mato Grosso do Sul “conviva com favelas”. E acrescentou: “E Campo Grande tem mais de 40 favelas”.
Ocorre que o deputado foi secretário de Finanças e Planejamento de Campo Grande por cinco anos, nas gestões de Marquinhos Trad (PSD), de janeiro de 2017 a março de 2022.
Ao se mostrar indignado com a situação, Neto esqueceu-se de que, tanto ele quanto seu ex-chefe Marquinhos Trad, poderiam ter dado prioridade à construção de moradias para os mais pobres.
No entanto, essas gestões contribuíram para a expansão de favelas, além de aprofundarem a crise financeira em razão da falta de medidas de austeridade fiscal, conforme relatórios e documentos elaborados pelo Tesouro Nacional.
No período em que estiveram cuidando de Campo Grande, utilizaram recursos de programas sociais com o pagamento de benefícios irregulares a cabos eleitorais, como o Programa de Inclusão Social, o Proinc.
Marquinhos Trad também é acusado de organizar esquema de desvio de dinheiro público com empreiteiras, conforme denunciado na Operação Cascalhos de Areia (ver aqui).
No texto de apoio à postagem sobre habitação nas redes sociais, Pedrossian Neto diz: “Sim, nós temos favelas em Mato Grosso do Sul”. E continuou: “Não pude deixar de pensar na minha amiga Helen, da Comunidade Vitória, que me disse que sonha apenas com uma casa digna de dois cômodos”.
Como parlamentar, Pedrossian Neto adota o estilo populista de Marquinhos Trad, explorando a miséria alheia para promoção política, como a divulgação de vídeos em que pessoas aparecem chorando ou clamando por ajuda.
“As necessidades dos mais carentes têm que ser atendidas e não exploradas ou expostas para outros fins que não seja a busca de solução para o problema”, afirma a assistente social Enilda Oliveira.