CAMPO GRANDE
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), é a candidata da senadora Tereza Cristina, presidente regional do PP, na disputa pela Prefeitura de Campo Grande em 2024. Para continuar no cargo, colocaram na cabeça da pastora que ela precisa apenas mexer no seu time de secretários, “melhorando a articulação política”.
Antes de mais nada, Adriane tem que entender que precisa sair de cima do muro e começar a mostrar as barbaridades financeiras e administrativas feitas pelo ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD). Ou ela assume publicamente que não tem culpa pelo caos em Campo Grande, ou levará esse peso para a campanha de sua própria sucessão.
Adriane precisa sair de cima do muro e começar a mostrar as barbaridades financeiras e administrativas feitas pelo ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD)
Mais do que isso, Adriane tem o dever de promover “choque de gestão”. Além de fazer demissão em massa de cabos eleitorais do ex-prefeito, tem que elaborar programa para avaliar as obras em execução e paradas na Capital. São dezenas delas impedindo o crescimento da cidade, quando deveriam ser realizadas para mudar e melhorar a vida das pessoas. Resolver o problema na saúde, no que compete ao município, é fator sine qua non.
Adriane Lopes tem que mostrar bem mais para postular mais quatro anos. Campo Grande continua no atoleiro. Marquinhos saiu, deixando o município com os piores resultados fiscais entre as 26 capitais e quadro de funcionários inchado, com cabos eleitorais empregados há sete anos. A folha de pagamento está estourada desde 2017 e não se viu qualquer medida para adequá-la às normas da Lei de Responsabilidade Fiscal, a não ser a flexibilização da Lei Complementar 178, de 2021, um prêmio aos maus gestores.
A folha de pagamento está estourada desde 2017 e não se viu qualquer medida para adequá-la às normas da Lei de Responsabilidade Fiscal
Durante quatro anos, de junho de 2019 a junho de 2023, o MS em Brasília mostrou os desmandos administrativos e financeiros de Campo Grande, sempre com dados oficiais, da Secretaria do Tesouro Nacional. Marquinhos Trad e seu ex-secretário de Finanças e Planejamento, o atual deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD), fizeram de Campo Grande a casa deles. Geriram a cidade da forma como quiseram.
A Câmara de Vereadores não se mexeu para ir a fundo nos problemas do município e continua paralisada, evitando investigações, como a da Operação Cascalhos de Areia. Graves denúncias de desvio de recursos públicos, que os inservíveis vereadores, com raríssimas exceções, se negam a investigar por meio da instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
É uma casa frágil, cujo presidente Carlos Augusto Borges, o Carlão, sempre esteve a serviço do prefeito da ocasião. Quando sentiu que poderia ser deixado de lado, ensaiou represálias aqui, lá, acolá. Sempre pensando em si próprio e nunca na população.
Graves denúncias de desvio de recursos públicos, que os inservíveis vereadores, com raríssimas exceções, se negam a investigar
Campo Grande é das cidades mais ricas do país, mas esteve entregue a maus gestores de 2013 para cá. Antes, Nelsinho Trad (PSD) havia feito boas gestões — catapultadas pelo caminho talhado por André Puccinelli e por Juvêncio César da Fonseca, ambos do MDB. No entanto, o irmão mais velho dos Trad deixou rabo imenso de denúncias sobre desvio de dinheiro.
Ou Adriane Lopes oferece aos campo-grandenses algo maior, como “choque de gestão”, abrindo mão das ações paroquias, ou não passará, repita-se, de candidata a mais à sua própria sucessão. E terá, no segundo turno, a difícil missão de apoiar um dos dois candidatos porque ela não estará lá, caso mantenha gestão frouxa, sem atacar de fatos os graves problemas da cidade.
Ou Adriane Lopes oferece aos campo-grandenses algo maior, como “choque de gestão”, abrindo mão das ações paroquias, ou não passará de candidata a mais à sua própria sucessão
Campo Grande parece ser grande demais para certos gestores. Marquinhos Trad se manteve no cargo à custa de populismo meloso e pegajoso, com dancinhas, sorriso largo, beijinhos e falsas promessas. Mas ele caiu e os eleitores da Capital terão agora que pensar bem para, em 2024, não cair novamente nas mãos de um Trad, de um radialista como Alcides Bernal, ou ainda de um pastor como Gilmar Olarte.