CAMPO GRANDE
“Esse troféu recebido simboliza a emoção de olhar para trás e ver que o caminho trilhado, que nos trouxe a um presente de recompensas sem igual; é olhar para muitas e muitas horas trabalhadas a mais para cumprir prazos, o cansaço, a preocupação, e até mesmo a abdicação de vivências pessoais e ver que tudo valeu”.
O tom emocionado das palavras da secretária de Finanças e Planejamento de Campo Grande, Márcia Helena Hokama, não combina com a pouca importância da premiação Qualidade da Informação Contábil e Fiscal, entregue pelo Tesouro Nacional semana passada, em Brasília. Nada a ver com o fato de o município ter alcançado, por exemplo, equilíbrio fiscal em suas contas. Aí sim haveria motivo para comemoração.
Os exageros de Okama retratam bem o que é a atual gestão de Adriane Lopes, herdada do festivo e incompetente Marquinhos Trad (PSD) em abril de 2022. A cidade parece viver em constante festa.
Os exageros de Okama retratam bem o que é a atual gestão de Adriane Lopes
A secretária deveria ser mais específica e dizer que o município recebeu a premiação por ter reduzido número de erros ao incluir informações e dados no Siconfi (Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro), desenvolvido pelo Tesouro Nacional para ser canal de intercâmbio de informações entre a União e os demais entes da Federação.
Ponto. Nada mais a acrescentar, a não ser que, com Marquinhos Trad, o índice de inconsistências era bem superior, período em que as finanças municipais eram comandadas pelo atual deputado estadual Pedrossian Neto (PSD), que hoje tem solução para todos os problemas de Mato Grosso do Sul.
A dita premiação não merece gastos com passagens aéreas e diárias para que as servidoras estivessem em Brasília para recebê-la. O Tesouro também exagerou ao criar prêmio por informações corretas. Não é apropriado. Até porque governadores e prefeitos mal-intencionados vão distorcer o fato, como já ocorre em Campo Grande.
Para a sociedade campo-grandense, infelizmente, o ranking não trata da melhora dos números fiscais. Quanto a esses, o município se mantém entre as duas piores capitais, à frente apenas de Natal, no Rio Grande do Norte.
A dita premiação não merece gastos com passagens aéreas e diárias para que as servidoras estivessem em Brasília para recebê-la
Não houve redução das despesas com a folha de pagamento, que estão acima do limite constitucional, nem com o custeio da máquina municipal. Dados de junho do Tesouro Nacional mostram que Campo Grande tem 98,65% das suas receitas comprometidas. Está a 1,36 ponto percentual de gastar mais do que arrecada.
Sobre os dados do ranking do Tesouro Nacional, é preciso esclarecer que os destaques foram Fortaleza (Ceará), que atingiu a maior pontuação possível, de 128 pontos (100%); Vitória (Espírito Santo), com 127,83 pontos (99,4%); e Belo Horizonte (Minas Gerais), com 125.61 pontos (98.1%).
Campo Grande, na verdade, recebeu menção no quesito evolução. Ou seja, passou a errar menos. Saiu, digamos, da situação “muito ruim” para “razoável”. Com Marquinhos Trad, o município ocupava a vexatória 24ª posição entre as capitais em 2021; em 2022, sob nova gestão, ficou em 15º lugar, ganhando cinco posições.
Adriane Lopes herdou gestão com sérios problemas administrativos, fiscais e financeiros. Ao invés de anunciar medidas de austeridade, mostrando à população que estava disposta a fazer diferente em relação ao antecessor, manteve tudo como recebeu de Trad.
Com Marquinhos Trad, o município ocupava a vexatória 24ª posição entre as capitais em 2021; em 2022, sob nova gestão, ficou em 15º lugar
Com as eleições se aproximando, tem surgido “novidade” todo dia. Antes de anunciar novos projetos, como a construção de hospital municipal, a prefeita tinha obrigação de anunciar cronograma para concluir diversas obras paralisadas desde a gestão de Marquinhos Trad. Deveria ser regra não iniciar obra antes de terminar outras.
Adriane parece estar rodeada de auxiliares ineptos e inaptos. Não há consistência em nada do que ela diz ou anuncia. Há um vazio administrativo muito grande na Capital, que ocorre desde 2012.
A prefeita tem enxergado mais as eleições de 2024 do que as necessidades básicas de momento da população, como a conclusão de obras, contratação de médicos, reposição de remédios nas farmácias públicas e austeridades nos gastos municipais. Se a gestora entender que há algo mais urgente que esses, devolvam-na para a igreja.