LARISSA ARRUDA, DE CAMPO GRANDE
O deputado federal Marcos Pollon (PL) deixou a modéstia de lado e afirmou, com todas as letras, da maneira mais clara possível, que se considera o único político de direita em Mato Grosso do Sul.
A declaração surpreendente foi feita durante conversa do parlamentar, por telefone, com uma militante bolsonarista, que classificou de “absurdo” o conteúdo da fala, mas pediu para não ter o nome divulgado.
“Se eu usar o meu critério, tá, de quem é de direita na política, tá, eu asseguro para a senhora, com toda certeza do mundo, que no [sic] Mato Grosso do Sul, só eu me considero de direita. E eu provo pra senhora. Eu consigo desconstruir todos os políticos do [sic] Mato Grosso do Sul, sem exceção, e provo pra senhora que não são conservadores”, autodefiniu-se Marcos Pollon (ouça abaixo áudio completo).
Procurado pelo MS em Brasília, o deputado afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que a frase faz parte de palestra que ele tem feito pelo Estado sobre “o que é ser conservador”, cujo conteúdo estaria disponível na internet.
“Referida frase decorre de uma palestra, onde explico o que é ser conservador, bem como de direita e que para fazermos uma política séria não devemos nos valer de critérios passionais e pessoais, mas de critérios objetivos. Ou seja, se seguirmos acusando uns aos outros de não serem verdadeiramente de direita, criaremos um segregacionismo sem qualquer limite, uma vez que preferências pessoais não podem nortear uma discussão política séria”, explicou.
Informada pelo site de que a declaração, na verdade, foi feita a um militante de direita, por telefone, a assessoria de imprensa de Pollon não respondeu mais.
Controle do PL
Marcos Pollon está no seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados. Foi eleito em 2022 com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro e do seu filho, Eduardo Bolsonaro, ambos do PL.
Antes de virar candidato, Pollon era pouco conhecido em Mato Grosso do Sul. Advogado ativista em favor do armamento da população, defensor dos clubes de tiro e membro do grupo pró-armas, atuava mais fora do Estado.
O fato de ser político de primeiro mandato, contudo, não inibiu as ações do parlamentar. Os primeiros meses em Brasília foram usados por Pollon para passar por cima de aliados e tirar da frente quem impusesse resistência ao seu projeto de liderar a direita em Mato Grosso do Sul.
A primeira providência foi convencer o também deputado federal Rodolfo Nogueira a renunciar a presidência da sigla no Estado. Em seguida, começou a remontar o partido nos principais municípios, colocando no comando aliados próximos, como parentes e amigos.
Além de presidente regional da agremiação, Pollon nomeou sua esposa presidente do PL Mulher em Mato Grosso do Sul e colocou o irmão para comandar a sigla em Campo Grande, o maior colégio eleitoral do Estado (ver aqui).
Sobre “liderar a direita no Estado”, o deputado federal terá de combinar com outros dois bolsonaristas com maior densidade eleitoral: a senadora Tereza Cristina (PP), eleita com 829 mil votos em 2022, e o ex-deputado Capitão Contar (PRTB), segundo colocado para governador, com 612 mil votos.