POR NÃO É IMPRENSA
“Aparentemente”, o plenário do STF vai decidir essa semana se o advogado da família investigada por hostilizar Xandão em Roma poderá, “finalmente”, ter acesso ao vídeo proibido por Dias Toffoli.
Nem a PGR teve acesso ao vídeo. A procuradora-geral Elizeta Ramos, quando ocupou o cargo “interinamente”, chegou a dizer que negar cópia das imagens para análises independentes contraria as boas práticas do procedimento judiciário.
“Não se pode construir privilégios em investigações criminais e, por tal razão, não se pode admitir a manutenção do sigilo fragmentado da prova no caso em exame”, alegou a procuradora no recurso enviado ao STF.
Hoje, tanto os técnicos da PGR quanto os advogados de defesa devem marcar hora para assistir ao vídeo numa salinha escura nos fundos do Supremo Tribunal.
“Não se pode construir privilégios em investigações criminais e, por tal razão, não se pode admitir a manutenção do sigilo fragmentado da prova no caso em exame” — Procuradora-geral Elizeta Ramos
O material ainda não foi periciado, mas um relatório preliminar da PF afirma que o empresário “aparentemente” bateu com “hostilidade” no filho de Alexandre de Moraes.
Ocorre que, “aparentemente”, a câmera de segurança do aeroporto está numa posição “aparentemente” distante e, como o vídeo não tem áudio, “aparentemente”, fica difícil atestar se houve “hostilidade”.
É incrível como, neste caso, tudo acaba no “aparentemente”. Para rimar, o relatório da polícia italiana constata que o empresário encostou “levemente” nos óculos do filho de Xandão.
Mas a confusão não ocorreu apenas no saguão do aeroporto de Roma. Além de, “obviamente”, ser um absurdo proibir o acesso às imagens, o presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais, Willy Hauffe Neto, questionou a validade de um relatório feito às pressas e sem a assinatura de um perito técnico responsável.
Por conta dessa opinião, a Corregedoria da Polícia Federal abriu uma sindicância contra Willy Hauffe Neto. Mas o procedimento foi suspenso por ordem judicial.
Poderíamos falar em retaliação, “aparentemente”?
Além de, “obviamente”, ser um absurdo proibir o acesso às imagens, a Associação dos Peritos Criminais Federais questionou a validade de um relatório feito às pressas e sem a assinatura de um perito técnico responsável
No seu depoimento, o ministro Xandão afirmou ter sido xingado de “comunista”, “bandido” e “comprado”.
Essa história tem tudo para acabar em arquivamento.
Mas sempre vale lembrar das palavras contundentes do ministro Xandão, no seu voto pela inconstitucionalidade do trecho da Lei Eleitoral que vetava sátiras nas eleições:
“Quem não quer ser criticado, satirizado, fica em casa. Não seja candidato, não se ofereça para exercer cargo político. É uma regra desde que o mundo é mundo”.
“Aparentemente”, ele mudou de ideia.