CAMPO GRANDE
Como a reeleição do atual governador Eduardo Riedel (PSDB) está aparentemente bem encaminhada em 2026, sem adversários à primeira vista, as conversas privadas se concentram sobre as duas vagas de Mato Grosso do Sul ao Senado. A pouco mais de dois anos das eleições gerais, o Estado vê aumentar o congestionamento de pré-candidatos a senador.
O MS em Brasília conversou com três lideranças políticas com o compromisso de manter os nomes em sigilo. Neste momento, há pelo menos cinco pré-candidaturas postas internamente pelos principais partidos no Estado.
Além de ter o senador Nelsinho Trad (PSD) atrás da reeleição, situação que, historicamente, impõe sérios obstáculos aos postulantes à renovação do mandato de oito anos, é provável que os ex-governadores Reinaldo Azambuja (PSDB) e André Puccinelli (MDB) disputem uma das duas vagas.
O tucano deixou o governo em 2022, após dois mandatos seguidos (2015-2018 e 2019-2022), mas não se afastou da política. Passou a comandar o PSDB, para onde tem levado o maior número de lideranças do interior a fim de manter a legenda no topo em Mato Grosso do Sul.
Entre os atuais postulantes ao Senado, Reinaldo é o que reúne melhores condições para garantir uma das duas vagas, deixando os demais concorrentes estapeando-se pela outra. Essa condição pode ganhar mais musculatura, caso o governador Eduardo Riedel mantenha o ritmo eficiente de sua gestão, priorizando as áreas sociais e à geração de postos de trabalho, posicionando Mato Grosso do Sul entre os Estados mais competitivos do país.
André Puccinelli, por outro lado, tem enfrentado resistências devido à alta rejeição dos eleitores sul-mato-grossenses, embora apareça sempre bem posicionado em pesquisas eleitorais para a Prefeitura de Campo Grande, por exemplo. Em 2022, o emedebista liderou a corrida pelo governo do Estado do início ao fim do primeiro turno, mas caiu para o governista Eduardo Riedel e para o bolsonarista Capitão Contar.
Atual senadora, Soraya Thronicke (Podemos) não tem chances de reeleição. Ela abriu grande ferida com o bolsonarismo sul-mato-grossense, movimento ao qual ela deve sua eleição em 2018. Na verdade, os bolsonaristas consideram que Thronicke traiu o então presidente Jair Bolsonaro ao usar o nome dele para se eleger e, depois de eleita, passado a fazer oposição ao governo.
Outro possível pré-candidato, o petista Vander Loubet não consegue se eleger sem Lula. Loubet precisa que o presidente chegue em 2026 com popularidade em alta, embora isso não garanta a eleição, uma vez que Mato Grosso do Sul é um Estado onde o PT tem sofrido seguidas derrotas.
Completam a lista dos possíveis pré-candidatos a duas vagas ao Senado, segundo apurações do site, o ex-deputado estadual Capitão Contar (PRTB). O militar seria o candidato ao Senado do ex-presidente Jair Bolsonaro para 2026. Contar não confirma, mas a intenção de Bolsonaro é eleger bancada forte de senadores para que pautas da direita, como pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, não morram de véspera.
No MDB, caso o ex-governador André decida não disputar o Senado, é provável que o ex-senador Waldemir Moka, presidente estadual do MDB, seja o substituto, embora prefira disputar uma das oito vagas de deputado federal. Moka, no entanto, desconversa quando o assunto é concorrer a novas eleições. Afirma que sua missão é reestruturar o MDB em Mato Grosso do Sul.
No Progressistas, o deputado federal Dr. Luiz Ovando não esconde desejo de disputar o Senado, mas depende de acordos costurados pela senadora Tereza Cristina, presidente da sigla em Mato Grosso do Sul. Além das alianças, a senadora não dá um passo sem consultar ou entender o que pensa e deseja Bolsonaro. Daí o fato de as conversas de Tereza Cristina estarem sempre sob suspense porque dependem das bênçãos do ex-presidente.
Diante disso, as conformações para o Senado encaminham-se para haver pré-candidato governista, que levaria outro para sua chapa, petista e bolsonarista. Dos prováveis cinco nomes, um deles estaria excluído dessa composição. Surgiria, nesse caso, pré-candidatura independente, o que pode ser o caso de André Puccinelli (ou Moka), ou Nelsinho Trad, cujos irmãos — Marquinhos e Fábio — têm mais afinidade com o PT do que com o PSDB. Juntos, eles controlam o PSD em Mato Grosso do Sul.
André, no entanto, dificilmente seria aceito no ninho tucano, uma vez que o ex-governador abraçou a candidatura de Contar no segundo turno das eleições em 2022, depois de haver se comprometido em apoiar Eduardo Riedel. Já Moka tem a confiança dos tucanos, como Reinaldo e Riedel, o que abriria espaço ao MDB na disputa por uma das duas vagas ao Senado.