COLUNA VAPT-VUPT
Os principais líderes do PL em Mato Grosso do Sul argumentam que o número de pré-candidatos da legenda a prefeito em Campo Grande faz bem à democracia, oxigenando e estimulando a militância.
Muito bonito, mas não passa de justificativa vazia de um grupo que está perdido. Quem conhece um pouco de política sabe que se trata de meia-verdade. Criam-se expectativas entre todos os possíveis pré-candidatos e no final não se conhece o nível de reação dos não-escolhidos.
Fato é que o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro se comporta como biruta de aeroporto [mudando várias vezes de direção] em Mato Grosso do Sul. A cúpula da agremiação é formada por cristãos-novos, inábeis, cujo terreno onde estão pisando exige a presença forte de um líder, como ocorre atualmente no MDB.
Fato é que o partido de Jair Bolsonaro se comporta como biruta de aeroporto [mudando várias vezes de direção] em Mato Grosso do Sul
O partido sofreu revezes de 2018 para cá, perdendo o Governo do Estado, o Senado e pelo menos três vagas a deputado federal. Na Assembleia Legislativa, também teve a bancada reduzida à metade.
Com o comando passando às mãos do ex-senador Waldemir Moka em setembro de 2023, o partido já respira com certa tranquilidade. Bastaram seis meses de conversas em alto nível para que a agremiação de Ulysses Guimarães passasse a se olhar mais, a se valorizar mais e sobretudo ser mais vista.
O MDB deve lançar pelo menos 40 pré-candidatos a prefeito, atingindo mais da metade dos 79 municípios. As articulações têm passado, prioritariamente, pelas mãos do ex-senador Moka, cuja carreira é das mais vitoriosas em Mato Grosso do Sul. Foi vereador, deputado estadual (três mandatos), deputado federal (três mandatos) e senador.
O MDB deve lançar pelo menos 40 pré-candidatos a prefeito, atingindo mais da metade dos 79 municípios
É isso que falta ao PL. Alguém com couro curtido, que tenha as rédeas nas mãos, que intervenha e decida quando for preciso. O partido, segundo apurado pelo MS em Brasília, só conseguiu fechar pré-candidaturas próprias em apenas 15 cidades. E veja: é a sigla de maior representação no Congresso Nacional.
Em Campo Grande, a cada dia aparece “pré-candidato do Bolsonaro”. O primeiro foi o ex-deputado Capitão Contar. As conversas sinalizavam que ele sairia do PRTB, migrando para o PL, onde seria o pré-candidato de Bolsonaro.
Chamado às pressas a Brasília pelo ex-presidente, em meados de fevereiro, Contar voltou com outra decisão: o pré-candidato seria o deputado estadual João Henrique Catan, que chegou a receber ligação de vídeo de Bolsonaro e do próprio Contar antes de o martelo ser batido.
O PL só conseguiu fechar pré-candidaturas próprias em apenas 15 cidades
Mais calejado que seus companheiros bolsonaristas, Contar não quer ser mais um na Babel do PL em Mato Grosso do Sul. Prefere continuar no PRTB, onde há menos risco de ser devorado vivo, como ocorreu em 2022, quando teve sua candidatura ao governo desconstruída dentro do próprio PL.
O nome do deputado estadual Coronel David também foi especulado, mas logo o próprio parlamentar abriu mão de disputar a indicação da legenda à Prefeitura de Campo Grande. O presidente do PL, deputado Marcos Pollon, também se colocou à disposição como pré-candidato.
Por esses dias, o nome da vez é o do ex-deputado estadual Rafael Tavares, cassado por irregularidades na inscrição de candidatas mulheres na cota do PRTB, decisão destemperada do Tribunal Superior Eleitoral.
Além de Bolsonaro, Tavares teria apoio do Tenente Portela, primeiro-suplente da senadora Tereza Cristina, que deixou cargo comissionado na Prefeitura de Campo Grande para, dizem, trabalhar a pré-candidatura de Tavares. Aleluia!
Mais calejado que seus companheiros bolsonaristas, Contar não quer ser mais um na Babel do PL em Mato Grosso do Sul
Quem manda no PL em Mato Grosso do Sul? Sabe-se que Marcos Pollon não se move sem ouvir Bolsonaro. O ex-presidente, por sua vez, não conhece os bastidores da política no Estado, o que é natural.
Bolsonaro, então, fica à mercê de informações que recebe de todos os lados, muitas delas pouco ou nada confiáveis. Além da Babel dentro do próprio partido, o ex-presidente Jair Bolsonaro se mostra inseguro politicamente. Uma metamorfose ambulante. Porta-se mal nesse aspecto.
Daí a importância de o PL ter líderes que conheçam o metiê. Não a política do compadrio, das negociatas, do apadrinhamento, do nepotismo, como ocorreu dentro da própria sigla no Estado. Mas que enxerguem a política como instrumento de valorização da cidadania. Não há demérito ser especialista no assunto, como declarou recentemente o senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro.
PL precisa de líderes que enxerguem a política como instrumento de valorização da cidadania
O entendimento do ex-senador Waldemir Moka, do senador Rogério Marinho e de tantos outros políticos de respeito sobre o significado de “política” pode se resumir a esta frase: “As pessoas bem-intencionadas têm que estar na política para evitar que as más se apossem do poder com mais facilidade”.
(*) Vapt-vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público