COLUNA VAPT-VUPT
Foi preciso a polícia agir para que a escabrosa gestão de Francisco Cezário de Oliveira à frente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) ganhasse holofote perante a sociedade, o que pode significar o fim da dinastia do pernicioso dirigente.
Na madrugada desta terça-feira (21), policiais do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado(Gaeco) amanheceram na casa do homem que matou e enterrou o futebol sul-mato-grossense. Também houve ação na sede da Federação, localizada na Rua 26 de Agosto, no Bairro Amambaí.
Aos 77 anos, Cezário está no comando desse esporte há 28 anos, com hiato de oito anos, período em que foi prefeito da pequena Rio Negro, distante 150 quilômetros de Campo Grande. Ou seja, mais de um terço de sua vida “dedicado” à destruição do nosso futebol. Foi eleito para o sétimo mandato em 2022 e fica até 2027, caso não seja destituído do cargo pela Justiça.
Aos 77 anos, Cezário está no comando desse esporte há 28 anos, com hiato de oito anos, período em que foi prefeito da pequena Rio Negro
De acordo com o site de notícias Campo Grande News, a casa do cartola, de alto padrão, está localizada no Bairro Taveirópolis, em Campo Grande. É cercada de coqueiros e murada do chão ao telhado.
Segundo o site, a operação “Cartão Vermelho” mira lavagem de dinheiro. A entidade recebe recursos do Estado e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Não façamos a sociedade de otária. Cezário só conseguiu se manter à frente do futebol de Mato Grosso do Sul por tanto tempo porque teve a complacência de políticos de todos os partidos que comandaram o Estado nos últimos 20 e poucos anos.
Cezário só conseguiu se manter no comando do futebol de Mato Grosso do Sul por tanto tempo porque teve apoio de políticos de todos os partidos
Futebol que chegou a ser o terceiro melhor do país em 1977. O feito foi alcançado pelo esquadrão do Operário, comandado pelo ‘trio-de-ferro’, como ficaram conhecidos o diretor Irineu Farina, o treinador Carlos Castilho e o preparador físico William Puia.
A escalação daquele time fantástico está na cabeça de todo “operariano”: Manga, Paulinho, Silveira, Biluca e Escurinho; Edson Soares, Roberto César e Marinho; Tadeu Santos, Everaldo e Peri.
Além de grandes campanhas no Campeonato Brasileiro no final dos anos 70 e até meados dos anos 80, o futebol sul-mato-grossense lotava estádios, com a rivalidade saudável entre Operário e Comercial, cujo clássico parava Campo Grande em dias de jogos.
Que a Operação Cartão Vermelho tenha desdobramentos que possam levar ao afastamento preliminar de Francisco Cezário e mais adiante de forma definitiva. E que os políticos não ponham suas mãos no caso porque a ação de qualquer um deles deixará digitais.
É preciso um olhar atento também às articulações do presidente do Tribunal de Contas do Estado, Jerson Domingos, dos grandes responsáveis pela perniciosa dinastia de Cezário ao longo de quase três décadas.
Futebol que chegou a ser o terceiro melhor do país em 1977
A união da sociedade civil neste momento é vital para que o futebol do Estado saia da UTI nos estertores do tempo. Os acréscimos pelo tempo perdido podem ser o oxigênio que faltava para que Operário e Comercial, especialmente, ressurjam das cinzas, longe do homem que protagoniza uma das mais agonizantes dinastias no futebol brasileiro.
Cartão vermelho para Francisco Cezário! Cartão amarelo, de advertência, para os políticos!
(*) Vapt-vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público