COLUNA VAPT-VUPT (*)
Lula visitou novamente Mato Grosso do Sul anteontem. Foi a segunda vez que o presidente petista veio ao Estado desde a posse, em janeiro de 2023. Esteve dessa vez em Corumbá, no Pantanal, onde sancionou o projeto de lei que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.
Sem povo, usou a viagem para produzir imagens (fotos e vídeos), reforçando o estilo populista de governar. Lula e Marina vestiram seus coletes à prova de fogo, embarcaram no helicóptero e sobrevoaram o Pantanal. Lindas fotos, belos vídeos. O governador Eduardo Riedel ciceroneou ambos.
Ocorre que fatos não podem ser encobertos. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que acompanhou Lula anteontem, só apareceu de fato na questão sobre as queimadas no Pantanal depois de 20 dias, no final de junho, quando o fogo já tinha consumido mais de meio milhão de hectares e matado milhares de animais (ver aqui). Nada de dinheiro também.
Integrantes do atual governo têm se aproveitado da eficiência administrativa de Mato Grosso do Sul para aparecer “bem nas fotos”. Desde que tomou posse, em janeiro de 2023, o governador Eduardo Riedel, do PSDB, deu bondoso espaço ao Governo federal para participar de suas ações, especialmente na área de meio ambiente, onde avançou a olhos vistos. Começou com a Lei do Pantanal, em que o governo estadual deu aulas sobre como conduzir a discussão, elaboração, aprovação e sanção da primeira legislação do bioma pantaneiro (ver aqui).
Integrantes do atual governo têm se aproveitado da eficiência administrativa de Mato Grosso do Sul para aparecer “bem nas fotos”
Nesse tempo todo, ao menos dez ministros aportaram por essas plagas. Mato Grosso do Sul virou porto-seguro de um governo capenga, envolvido em polêmicas internas — como o estrondoso rombo fiscal, o aumento da carga tributária, do desmatamento na Amazônia e no número de mortes de índios Yanomami — e externas, como o apoio de Lula a ditadores sanguinários, como Nicolás Maduro (Venezuela), Vladimir Putin (Rússia) e Daniel Ortega (Nicarágua), além de posicionar-se favoravelmente aos ataques do Hamas contra Israel.
Quando as coisas começam a ficar ruins em Brasília, o Governo federal corre para cá. Lula estava contra a parede, especialmente sobre as fraudes eleitorais de Maduro na Venezuela e sobre a ida do vice-presidente Geraldo Alckmin à posse do presidente do Irã, onde se sentou na primeira fileira ao lado de terroristas, como o líder do Hamas, morto horas depois pela força aérea israelense.
A ministra sul-mato-grossense Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, rotineiramente está por aqui. Para justificar o uso recorrente de avião da Força Aérea Brasileira para lhe trazer e levar para Brasília, ela aparece sempre numa sexta-feira ou segunda-feira ao lado do governador Eduardo Riedel lendo mapas, simulando ações para o Estado.
Quando as coisas começam a ficar ruins em Brasília, o Governo federal corre para cá
Ocorre que Mato Grosso do Sul vai continuar mamando os dedos porque o Governo federal não terá dinheiro para investimentos tão cedo. A não ser os parcos recursos de emendas parlamentares. O rombo fiscal criado por Lula, Fernando Haddad, Simone Tebet e cia vai levar anos para ser coberto. Os cortes orçamentários já começaram. Só nesta semana foram R$ 15 bilhões em investimentos.
Riedel, que esperava contar com ajuda do Governo federal para levar adiante projetos de infraestrutura do seu governo, terá que se virar sozinho, com recursos próprios, ou buscar aporte de organismos e instituições financeiras internacionais. Ou ainda investir na parceria que se iniciou com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, que dá show sobre gestão pública.
Há um mundo bem melhor longe dos cofres da União em frangalhos, como a força dos governadores do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), cuja presidência foi assumida nesta quinta-feira (1º) por Eduardo Riedel, já com anúncio da criação de uma agência de fomento.
Há um mundo bem melhor longe dos cofres da União em frangalhos
Eduardo Riedel precisa cair na real e entender que, do Governo federal, ele não receberá nada, como está ficando provado desde janeiro de 2023. Repita-se: Lula e ministros estão se servindo de Mato Grosso do Sul para se saírem bem nas fotos. Até agora tem dado certo.
A dúvida é saber até quando Eduardo Riedel aceitará ser usado por um governo falto de inteligência, irresponsável com as contas públicas e aliado de tiranos mundo afora. Tudo isso pode não reverberar agora, mas pode ser trunfo dos adversários nesta e nas próximas eleições. Há que se ter menos ternura por petistas.
(*) Vapt-vupt é uma coluna do MS em Brasília com opiniões sobre determinado fato de interesse público