Eleito na onda de Jair Bolsonaro em 2018, o deputado federal Loester Trutis (PSL) abandonou as bandeiras do presidente da República, se juntou à deputada Joice Hasselmann (SP) e passou a obedecer a ordens do presidente nacional da sigla, deputado Luciano Bivar (PE).
Para completar essa epopeia vertiginosa e confusa, Trutis impôs sua condição de presidente municipal da agremiação, aplicou um golpe no deputado estadual Capitão Contar e anunciou o vereador Vinicius Siqueira como pré-candidato do PSL à Prefeitura de Campo Grande.
Contar era um dos poucos candidatos em condições de destronar Marquinhos Trad (PSD), que agora tem o caminho livre para se manter por mais quatro anos no comando administrativo da capital. Prefeito de uma obra só – o Projeto Reviva Centro, com dinheiro do exterior – Trad não esconde a felicidade por não ter pela frente um adversário qualificado.
Vinicius, que tem feito muito barulho contra o prefeito, também deu sinais sobre seu jeito de fazer política — da pior maneira possível. Levado ao PSL pelas mãos de Contar, não se sentiu incomodado ao ser lançado pré-candidato no lugar do “padrinho”, com quem saiu em fotos, afirmando ter ido participar da “missão”, nome do projeto do Capitão para as próximas eleições.
Sem Contar, as chances de derrotar Trad estão concentradas no procurador Sérgio Harfouche (sem partido) e no ex-secretário e candidato derrotado ao Senado em 2018 Marcelo Miglioli (Solidariedade). O primeiro deve ir para a disputa sustentado pelo discurso do “novo”, enquanto o segundo vai apostar na experiência como secretário de Obras da primeira gestão de Reinaldo Azambuja. Parece pouco.
Outro forte pré-candidato seria o ex-senador Waldemir Moka (MDB), experiência e integridade em 35 anos de vida pública. Moka deixou o Senado em fevereiro de 2019 como um dos melhores senadores do país ao ser derrotado pela surpresa da última semana, Soraya Thronicke, também eleita na onda bolsonarista de 2018.
Moka, no entanto, teria avisado ao partido que não quer disputar as eleições deste ano. Prefere aguardar 2022, quando poderá optar por três cargos: candidato a governador, a senador ou a deputado federal.
O jogo nem bem começou e já há substituições sendo feitas, rasteiras sendo dadas e negociações estranhas nos bastidores. Não se pode desprezar, por exemplo, que o golpe em Contar tenha tido a participação de gente de outros partidos, interessada na manutenção do poder nas mesmas mãos.