ANTONIO CARLOS TEIXEIRA (*)
Com o provável retorno de Neymar ao Santos, surge a possibilidade de o clube se transformar em Sociedade Anônima de Futebol, a SAF. Na Europa, os grandes clubes estão nas mãos de empresas ou investidores.
Não se pode mais falar no futebol atual sem haver algum grupo forte por trás, controlando os ativos, investindo em infraestrutura, entre outras.
As necessidades de investimento no Santos são bem claras aos eventuais futuros compradores, se a negociação se confirmar: novo estádio, reforma do Centro de Treinamento Rei Pelé e novas instalações para uma das bases mais valiosas do futebol mundial.
Não se pode mais falar no futebol atual sem haver algum grupo forte por trás
Para fazer frente a esses investimentos, o Santos não pode ser transferido para o capital privado, renunciando ao associativismo, por menos de R$ 4 bilhões, ou US$ 700 milhões.
Vamos supor que o retorno de Neymar, a maior paixão do torcedor santista depois de Pelé, custe cerca de R$ 500 milhões, entre salários e aquisição definitiva. Os árabes teriam que investir R$ 3,5 bilhões restantes.
Na gestão de Andrés Rueda, houve proposta de um fundo de investimentos inglês, interessado na compra do Santos. A oferta giraria em torno de 550 milhões de euros, hoje cerca de R$ 3,5 bilhões.
Na gestão de Andrés Rueda, tomamos conhecimento de proposta de um fundo de investimentos inglês, interessado na compra do Santos
O destrutivo ex-presidente pode até desmentir, porque nunca assumiu as lambanças e barbaridades que fez à frente do clube entre 2021 e 2023, cuja gestão ofereceu ao torcedor os piores desempenhos da história, os quais resultaram na queda do clube pela primeira vez à Série B.
Contudo, há prints com pedido para que ele iniciasse as negociações, inclusive com o intermediário abrindo mão de participar de conversas futuras para não gerar conflito de interesse. Mais: que não haveria pagamento de comissão. A conversa seria entre Santos e o grupo inglês.
Pior presidente da história do clube, Rueda não quis sequer abrir conversas com os pretendentes. Afirmou que o Santos não estava à venda “pelo menos na gestão dele” e que aceitaria discutir somente propostas por “parcerias minoritárias”.
Pior presidente da história do clube, Rueda não quis sequer abrir conversas com os pretendente
Sobre as supostas negociações de momento, que estariam sendo comandadas pelo presidente Marcelo Teixeira, é preciso entender que se trata da venda de um dos maiores clubes do mundo, responsável pela revelação do maior atleta do século XX, o rei Pelé.
Sabe-se que o futebol brasileiro é valorizado pelo que faz em campo. O extracampo é paupérrimo, a começar pela estrutura, receptividade ao torcedor, benefícios, além da capacidade limitada da maioria dos cartolas.
A valorização do Santos, por exemplo, é muito mais pelo talento dos jogadores que revela do que qualquer outra coisa. Mas não é um clube comum. Se Neymar conseguir seu objetivo e ganhar a Copa do Mundo de 2026, certamente será considerado o segundo maior jogador da história do futebol brasileiro.
É preciso entender que se trata da venda de um dos maiores clubes do mundo
O Santos, nesse caso, teria simplesmente os dois maiores do país. E o melhor: não apenas porque jogaram pelo clube, mas porque foram revelados na sua casa. Rei e príncipe do futebol brasileiro, até então pentacampeão mundial. Não é pouco. Que nossos negociadores tenham isso em mente.
Observação: Após a publicação do artigo, recebemos informação de que a possível chegada do Neymar não está atrelada à eventual SAF. Portanto, são dois assuntos distintos. Muito menos discutiu-se valor.
(*) É jornalista, torcedor e sócio do Santos
Perfil Twitter: @actbrasilia