LARISSA ARRUDA, DE BRASÍLIA | BRUNNA SALVINO, DE CAMPO GRANDE
Apesar de o ano legislativo mal ter começado, parlamentares de Mato Grosso do Sul já torraram perto de R$ 2,5 milhões da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) — verbas indenizatórias em que eles são ressarcidos por despesas variadas.
Os gastos vão do pagamento de contas de telefone, internet, TV por assinatura e aluguéis a contratação de consultorias e divulgação da atividade parlamentar. As duas últimas despesas são escoadouros de dinheiro público. A prestação desses serviços não precisa ser comprovada materialmente.
Ao parlamentar, cabe apenas apresentar nota fiscal, o que pode gerar irregularidades e até mesmo lavagem de dinheiro, como já ficou comprovado em diversas ocasiões, tanto em Mato Grosso do Sul quanto em Brasília e outras localidades no país.
Contratação de consultorias e divulgação da atividade parlamentar são escoadouros de dinheiro público
Levantamento do MS em Brasília, feito com base nos portais transparências do Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa, mostra que os gastos em janeiro e parte de fevereiro somaram R$ 2,45 milhões, divididos entre 35 parlamentares: três senadores, oito deputados federais e 24 deputados estaduais.
Os líderes em ressarcimentos recebidos até o momento, em cada Casa legislativa, são Nelsinho Trad, no Senado, com R$ 73 mil; Dagoberto Nogueira, na Câmara dos Deputados, R$ 94 mil; e Coronel David, na Assembleia Legislativa, com R$ 115,9 mil.
Só a Assembleia Legislativa ressarciu R$ 1,75 milhão em janeiro e parte de fevereiro, uma vez que a maioria dos estaduais ainda não prestou contas do mês, ou fez de maneira parcial. Já no Senado, Nelsinho Trad (PSD) gastou R$ 73 mil; Soraya Thronicke (Podemos), R$ 69 mil; e Tereza Cristina, apenas R$ 10 mil.
Na Câmara dos Deputados, ocorre a mesma situação das Casas legislativas anteriores. Os oito deputados federais tiveram gastos totais de R$ 550 mil, a maioria referente a janeiro.
Por essa parcial, os deputados Dagoberto Nogueira (PSDB), com despesas de R$ 94 mil; Camila Jara (PT) ; e Geraldo Resende (PSDB), com gastos de R$ 82 mil, aparecem entre os que tiveram os maiores ressarcimentos. O deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP) teve o menor valor ressarcido: R$ 26 mil.
A Assembleia Legislativa ressarciu R$ 1,75 milhão em janeiro e parte de fevereiro, uma vez que a maioria dos estaduais ainda não prestou contas do mês, ou fez de maneira parcial
Na Assembleia Legislativa, as despesas atingiram R$ 1,75 milhão. Os deputados estaduais com maiores gastos nesse início do ano foram Coronel David (PL), Paulo Corrêa (PSDB), Lia Nogueira (PSDB), Neno Razuk (PL), Márcio Fernandes (MDB) e Professor Rinaldo (Podemos). Todos com despesas entre R$ 110 mil e R$ 115 mil no período de janeiro a fevereiro.
Mais da metade dos ressarcimentos feitos por Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa aos parlamentares sul-mato-grossenses se refere a serviços de consultoria e divulgação da atividade parlamentar, cujas despesas não precisam ser comprovadas, materialmente. É o meio que o Legislativo criou para “turbinar” os salários de deputados e senadores.