De Brasília
O empresário Wesley Batista foi expulso do gabinete do senador Waldemir Moka (MDB) em 2012, após exigir que o parlamentar sul-mato-grossense retirasse processo contra seu grupo por monopólio na aquisição de frigoríficos.
Com o irmão Joesley, Wesley comanda a J&F, holding que controla diversas empresas, como a JBS, uma das maiores fornecedoras de carnes bovinas do mundo.
A delação dos irmãos Batista e do ex-diretor Ricardo Saud vai ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal. Caso o acordo seja considerado inválido, todas as provas apresentadas poderão ser anuladas. Eles são acusados de omitir informações ao Ministério Público.
Um dos trechos envolve o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), de Mato Grosso do Sul. Em nota, o tucano disse que recebeu com estranheza e indignação a conclusão do inquérito da Polícia Federal, anunciada semana passada, que o acusa de três crimes.
Moka tinha denunciado o grupo JBS por monopólio ao Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade). O parlamentar protocolou documento assinado por várias entidades de produtores de Mato Grosso do Sul (Ver aqui).
Na denúncia, a JBS foi acusada de adquirir plantas frigoríficas e fechar a maioria, causando desemprego e queda no recolhimento de impostos nos municípios e Estados, entre eles Mato Grosso do Sul.
Wesley ficou irritado com a repercussão negativa do caso, que, segundo ele, estaria prejudicando as ações do grupo na Bolsa de Valores. Marcou audiência com Moka em que exigiu que o senador retirasse a queixa do Cade.
Político “linha dura”, Moka não aceitou receber ordens do executivo e o mandou que deixasse o gabinete. Caso contrário, chamaria os seguranças do Senado para retirá-lo à força.
“Eu disse a ele que ninguém me dá ordem. Não tenho cabresto. O mandato é da população, entregue a mim por tempo determinado”, disse Moka, à época. Wesley saiu de cabeça baixa, sem dizer nada.
Em 2013, um ano depois da denúncia, o Cade aplicou multa de R$ 7,4 milhões ao grupo por não ter notificado operações de arrendamento de frigoríficos ao órgão nos últimos anos.