Por Lucimar Couto (*)
Em nome de um pretexto conservacionismo de fachada, as Ongs (Organizações Não-Governamentais) do setor ambiental tem se articulado, nas últimas décadas, para impedir o desenvolvimento no Estado pelos meios naturais que nos privilegiam: o bioma Pantanal e, por conseguinte, a Hidrovia do Paraguai e a pecuária extensiva.
Organizações como Ecoa, WWF, SOS Pantanal e Rios Vivos se manifestam apenas para criar cenários apocalípticos, com base em estudos e teses financiados não se sabe por quem, na tentativa de barrar investimentos na navegação fluvial, na exploração sustentável do Pantanal ou outra atividade econômica que torne Mato Grosso do Sul altamente competitivo lá fora.
E na esteira dessa maquiavélica estratégia, o Ministério Público se embebeda do mesmo cálice e toma decisões totalmente equivocadas em nome de um falso sentimento preservacionista, que faz destas entidades do chamado terceiro setor a última esperança do dia final. Um ambientalismo disfarçado de interesses globais capitaneados pela oligarquia anglo-americana.
Em 2000, uma campanha envolvendo ongs internacionais induziu o MP a um erro jurídico histórico: embargar a Hidrovia do Paraguai, de Cáceres (MT) a Porto Murtinho (MS), enquanto se discutia a construção de um porto no lado mato-grossense. Fez-se um alarde em torno de um megaprojeto inviável, onde se previa até alinhamento de curvas do rio, e o transporte fluvial sucumbiu.
Tempos depois, o autor dessa proeza, Pedro Taques, ex-procurador da República e ex-governador de Mato Grosso, penitenciou-se do ato, porém os impactos são irreversíveis. O vizinho estado poderia estar escoando sua supersafra de grãos pela hidrovia, um dos mais importantes eixos continentais de integração comercial, com menor custo de frete.
As ongs continuam atravancando a navegação comercial. A um anúncio do governo de investimentos no setor, um ativista ataca: estão querendo reativar o projeto de “implantação” da hidrovia! E os meios de comunicação também caem na mesma armadilha. A Hidrovia do Paraguai é um meio natural, navegável desde os tempos dos Descobrimentos…
A ação bem articulada – e sincronizada – faz parte de uma agenda patrocinada pelo poder econômico, em escala mundial, para ser empregada em países do terceiro mundo. O Brasil incomoda as maiores potências pela sua importância geopolítica e estratégia e pelas suas incomensuráveis riquezas naturais.
O foco no Pantanal tem um fio da meada: expulsar o homem, que está ali há mais de 250 anos. Já conseguiram tirar, em parte, o boi, incentivando a criação de RPPNs, (Reserva Particular do Patrimônio Natural) onde hoje ocorre a maioria dos incêndios pela não ocupação econômica. Sem o homem e o “boi bombeiro” se vai uma cultura, fica uma massa de manobra catando coquinho com o selo federal de nativo.
Ventila-se criar o Parque Nacional do Taquari, englobando os 1,2 milhão de hectares inundados permanentemente pelo rio assoreado. Uma reserva do nada, sem fauna e flora. Por que as ongs não se posicionam a favor da recuperação do Taquari? Por 40 anos induziram mais uma vez o MP a barrar ações mitigadoras para salvar o rio, que já morreu por omissão governamental.
Em tempo de seca e incêndios no bioma, os agentes da manipulação pseudocientífica contra-atacam semeando o pior. “O Pantanal vive a maior tragédia”, divulga a BBC Brasil após ouvir as organizações. “Quem põe fogo no Pantanal é o homem”, sentencia André Luiz Siqueira, da Ecoa. Sua palavra ecoa na única direção: transformar o bioma em uma grande reserva. O fogo que consome a maior RPPN, do SESC Pantanal, em Poconé (MT), é causa humana?
Há, com certeza, ações criminosas nas mudanças climáticas e nos regimes hidrológicos do Pantanal, como o desmatamento na Amazônia. Está provado cientificamente, contudo, que a maioria dos focos de calor é de causa natural, o fogo tem a idade do Pantanal. Por que as ongs não se integram aos pantaneiros e ao governo e investem na estruturação de brigadas para auxiliar no controle?
Não há interesse, claro! A agenda global é outra…
(*) Lucimar Couto é jornalista