De Brasília
O deputado Loester de Souza (PSL), o Trutis, está investindo pesado nas postagens em suas redes sociais após passar um ano e meio colecionando polêmicas. O parlamentar tem aparecido em vídeos como bom filho, pai e até como bom vizinho.
Por terem conteúdo político, as publicações no Facebook, por exemplo, recebem carimbo de “patrocinado” para que as pessoas saibam que o material não é espontâneo e sim pago.
Em vários vídeos, o parlamentar faz duro discurso sobre o mau uso do dinheiro público. Na prática, no entanto, é um dos três que mais gastam verba pública no exercício do mandato entre os 11 parlamentares sul-mato-grossenses – três senadores e oito deputados federais.
Em 2019, torrou R$ 436 mil (imagem acima do Portal Transparência da Câmara), apenas R$ 2 mil a menos que Dagoberto Nogueira (PDT) e R$ 17 mil menos que Vander Loubet (PT), segundo e primeiro colocados em gastos entre a bancada federal.
Entre janeiro e agosto deste ano, Loester de Souza mantém-se na cola de Dagoberto. Pedetista e peselista foram os que mais gastaram entre os deputados, com R$ 270 mil e R$ 262 mil, respectivamente, mesmo em meio a pandemia do novo coronavírus.
Eleger a namorada
Embora não seja candidato nas próximas eleições, Trutis tem outro objetivo com a divulgação de vídeos patrocinados: eleger a assessora-namorada Raquelle Lisboa Alves, que se mudou recentemente de Brasília para Campo Grande a fim de virar vereadora.
A moça foi exonerada em agosto para disputar a eleição e deve retornar ao cargo em seguida, no qual recebe quase R$ 15 mil, o maior salário pago a um assessor parlamentar na Câmara. Loester também tem desejo de eleger seu ex-chefe de gabinete Ciro Fidélis.
O MS em Brasília apurou, em julho, que a então assessora passou a morar na casa da mãe de Trutis, cujo imóvel foi reformado para receber a companheira. Em janeiro, em pleno recesso, o deputado pagou várias passagens aéreas para Raquelle com dinheiro da Câmara dos Deputados, o que é ilegal.
Surpresa
A eleição do deputado foi uma das surpresas em Mato Grosso do Sul, junto com a senadora Soraya Thronicke e o deputado Luiz Ovando, todos do PSL, levados pela onda do então candidato a presidente Jair Bolsonaro em 2018.
Depois que tomou posse, em fevereiro de 2019, Trutis começou a utilizar informações falsas sobre suposta economia de recursos da Câmara dos Deputados, todas desmentidas com provas pelo MS em Brasília. Entre as mentiras contadas nas redes sociais, estava a dispensa de motorista e seguranças, além de assessores para as frentes parlamentares.
O deputado também se envolveu em polêmica com os deputados estaduais, chamados de “bundas moles” por ele porque não teriam assinado o pedido de comissão parlamentar de inquérito contra a concessionária de energia do Estado, a Energisa.
Antibolsonaro
Ainda em 2019, Loester de Souza se aliou a um grupo hostil ao presidente Jair Bolsonaro, comandado pelo deputado e presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), além de Joice Hasselmann (SP) e do Delegado Waldir (GO), um dos mais próximos do parlamentar sul-mato-grossense.
Em 16 de fevereiro deste ano, o parlamentar se envolveu no caso mais curioso até agora: ele teria sofrido atentado quando viajava de Campo Grande para Sidrolândia, num domingo pela manhã, na companhia de um assessor.
A suposta tentativa de assassinato deixou muitas perguntas no ar, como o fato de ambos não terem sido atingidos pelos disparos, que atravessaram os vidros, nem o motorista ter perdido o controle da direção. A investigação do caso se arrasta por quase seis meses na Polícia Federal em Mato Grosso do Sul.
A última polêmica ocorreu em 20 de agosto, quando o deputado desapareceu da votação sobre o veto do presidente Bolsonaro ao aumento do salário de uma parte do funcionalismo durante a pandemia. Trutis não votou, o que causou indignação dos eleitores porque se tratava de votação de grande importância para o país.