De Brasília
A senadora Simone Tebet (MDB) não dá trégua ao presidente Jair Bolsonaro. A parlamentar sul-mato-grossense se tornou forte opositora ao Governo federal após a posse de Bolsonaro em janeiro de 2019.
De lá para cá, a emedebista não alisou sobre as medidas, declarações e ações do presidente, especialmente em relação a matérias que tiveram que ser discutidas na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, que ela preside.
Ontem, Tebet cobrou atitude do Governo federal para punir os responsáveis pelos incêndios no Pantanal. Ao site O Antagonista, a senadora, além de ironizar os argumentos de que o “Brasil alimenta o mundo”, cobrou rigor na apuração das queimadas irregulares.
“Ninguém está perguntando se o Brasil é exemplo para o mundo ou se o agronegócio alimenta o Brasil e o mundo. O que queremos saber é o que está sendo feito com essa meia dúzia de fazendeiros que estão destruindo o bioma, desmatando irregularmente, grilando terras e invadindo florestas públicas. O que o governo federal está fazendo com os criminosos que têm capacidade de destruir 20% do Pantanal? Éisso que queremos ouvir do governo federal”, esbravejou ao site.
Desistência
O comportamento da parlamentar, de não se importar se Jair Bolsonaro tem amplo apoio da população de Mato Grosso do Sul, pode estar relacionado ao fato de que ela teria desistido de disputar a reeleição. Em 2022, haverá apenas uma vaga em disputa, com muitos interessados, como o atual governador Reinaldo Azambuja, que deixará o Governo após dois mandatos.
Em 2018, Simone Tebet desistiu de disputar o governo em decisão de última hora, o que gerou problemas ao MDB. A legenda foi obrigada a encontrar candidato às pressas, além de ter que reestruturar a campanha.
O desastre anunciado fez com que o partido elegesse apenas três deputados estaduais e nenhum deputado federal, além de ver o senador Waldemir Moka, um dos políticos mais bem avaliados do país, perder a reeleição nos últimos dias.
Na época, houve várias explicações sobre a desistência de Simone. Entre elas, o fato de a família não querer que ela disputasse mais cargos políticos, o que não ficou confirmado. Houve também especulações sobre eventuais ações na justiça, o que não também não se comprovou.
Fato é que, sem apoio do governo federal, da bancada de Mato Grosso do Sul no Congresso, nem do governo estadual e dos deputados estaduais, a não ser do marido Eduardo Rocha (MDB), Simone Tebet pode se ver obrigada a, enfim, encerrar a carreira política. A menos que, segundo analistas políticos, ela vá para o sacrifício para salvar a própria pele, disputando o Governo do Estado.