Opinião (*)
Menos de seis meses após ter tomado posse para seu segundo mandato como prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD) não aguentou segurar as cartas e as colocou sobre a mesa. Cresceu o olho na sucessão estadual, desafiando a liderança do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no enfrentamento da pandemia.
Mato Grosso do Sul é um dos dois Estados que mais vacinam no país, graças a uma logística eficiente estruturada pelo Governo para atender aos 79 municípios ao mesmo tempo — estratégia de distribuição modelo no Brasil, diga-se.
Reinaldo Azambuja, no entanto, não deve almejar muita coisa a partir de 2022, quando conclui seu segundo mandato de governador, mas deverá ter participação decisiva na indicação do candidato governista, a quem dará suas bênçãos.
Mato Grosso do Sul, de patinho feio a um dos Estados mais competitivos do país
O tucano entregará as chaves de um Estado que alcançou feitos pouco vistos em 43 anos de criação. Que deixou a condição de patinho feio para se colocar entre as unidades da federação mais competitivas do país. Pode-se afirmar que, até aqui, Azambuja faz 50 anos em seis anos.
Para a sucessão, as chances são todas do secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel, um dos grandes responsáveis pela condução dos programas que levaram Mato Grosso do Sul a, enfim, consolidar-se, graças a políticas de gestão fiscal, financeira e social sólidas.
Ao se negar a cumprir o decreto estadual com medidas de restrição contra o novo coronavírus, Trad dá claros sinais de que não quer que seu nome esteja entre as dúvidas de Reinaldo Azambuja. Quer voo solo no PSD, onde estão os outros dois irmãos, o senador Nelsinho Trad e o deputado federal Fábio Trad.
Marquinhos terá legenda. Quanto a isso não há dúvida. O prefeito, contudo, enfrentará resistência da população de Campo Grande, que o elegeu para mais quatro anos. Caso dispute o Governo e vença, deixará o cargo na metade, prática da velha política.
Enquanto o prefeito começa a se mexer de olho em 2022, seu futuro adversário Eduardo Riedel tem procurado se concentrar nas obras e projetos sob responsabilidade da sua pasta, a de Infraestrutura. São dezenas deles espalhados pelos 79 municípios.
As credenciais do secretário podem surpreender as velhas raposas, como as da família Trad, cuja sede pelo poder nunca se esvai. A água parece sempre faltar para o clã, que se move para proteger seus objetivos em oposição aos interesses coletivos.
(*) Texto opinativo do site MS em Brasília