De Brasília
A senadora Simone Tebet (MDB) causou revolta entre os usuários do Twitter ontem (8) ao afirmar que a CPI não escolhe investigados. A senadora sul-mato-grossense integra a oposição ao presidente Jair Bolsonaro na CPI (Comissão Parlamentar Inquérito), instalada no Senado para investigar ações e omissões do Governo federal no combate à pandemia da Covid-19.
“A CPI não escolhe no rol dos investigados cores políticas, partidárias ou ideológicas. Numa República somos todos iguais. Quando um militar da ativa vai para a política, ele se submete às regras da atividade política”, escreveu em seu perfil no Twitter, no início da noite de ontem.
A reação foi imediata. “Prove isso, de não escolherem investigados e convença os senadores a convocar Carlos Gabas ou Bruno Dauster para depor”, desafiou a seguidora Fran Flores, residente na Grande Dourados (MS), referindo-se ao secretário-executivo do Consórcio Nordeste, acusado de várias irregularidades na aplicação de recursos públicos durante a pandemia, e ao ex-chefe da Casa Civil do governo da Bahia, respectivamente, também envolvido na denúncia.
“Conversa vazia. A igualdade do cidadão já foi pro espaço há muito tempo e essa CPI não tem nenhuma credibilidade. Tendenciosa, politiqueira, opressora e injusta. Liderada por gente que precisa acertar sua vida com a justiça e não julgar ninguém. O povo está vendo”, advertiu Ednilson Abreu, que se apresenta como “patriota” e “cristão protestante”.
A jornalista Sarita Coelho, do Rio de Janeiro, também cobrou investigação de supostas irregularidades cometidas pelo Consórcio Nordeste, formado pelos governadores da região, na compra de equipamentos para os nove Estados. “Só escolhe não investigar o Consórcio Nordeste, que pagou antecipado por respiradores, comprados em empresas de fachada, que nunca foram entregues. É desvio de recursos federais para combater o vírus”, apontou.
Apesar de ter sido criada para investigar irregularidades no combate à pandemia, a CPI não atua em possíveis crimes cometidos por governadores e prefeitos. No início dos trabalhos da comissão, a senadora Simone Tebet defendeu que as investigações fossem apenas sobre o governo federal. “Se somos todos iguais, por que governadores e prefeitos não podem ser investigados?”, pondera Mrs Rubin.
A maioria dos comentários faz menção ao fato de os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL), presidente e relator, responderem a processos por corrupção. A mulher e os irmãos de Aziz, por exemplo, são investigados por desvio de recursos da saúde no Amazonas.
Renan responde a nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal. “Fala sério. Tá querendo dizer que o que vemos não é o que vemos? CPI Circo, palanque de políticos de baixa produtividade e de longa ficha corrida”, atacou Mara Morais.