BRASÍLIA
Perto de completar três anos de mandato, o deputado federal Loester Carlos Gomes de Souza (PSL-MS), o Trutis, não se sente intimidado por espalhar durante todo esse tempo informações falsas nas redes sociais, colocando em dúvida dados da Câmara dos Deputados, disponíveis no Portal Transparência.
Semana passada, o parlamentar fez postagem sobre ações realizadas até agora no mandato (ver abaixo), a maioria inverídicas ou retóricas, como o fato de não dar dinheiro para a imprensa de Mato Grosso do Sul, ou mesmo ser recordista em emendas parlamentares para a área de segurança pública.
A mentira mais repetida por Trutis, desde o início do mandato, é a de que “recusou auxílio-moradia”. A pedido do MS em Brasília, a Câmara dos Deputados se manifestou sobre esse ponto: “Informamos que na página do deputado Loester Trutis no Portal da Câmara constam os dados sobre auxílio moradia e imóvel funcional, relativos ao parlamentar. O Deputado não recebe auxílio, pois ocupa um apartamento funcional desde 26/02/2019” (grifo nosso).
Igualmente falsa informação de que é “criador do fundo permanente de iniciação científica”. O fundo não existe. Na verdade, Trutis apresentou o projeto de lei 3.298/2019, que institui o Programa Nacional de Apoio à Iniciação Científica, retirado de pauta pelo relator.
Na imagem postada no Instagram e Facebook, diz ser “autor da lei que amplia para 10 anos de prisão casos de corrupção na educação”. Essa lei não existe. O parlamentar apenas propôs projeto de lei, o nº 4.092/2020, apensado a outra proposição com a mesma finalidade, de 2011. Proposta semelhante foi feita no ano de 2000 pelo deputado Osvaldo Biolchi (PMDB-RS), 21 anos atrás e até agora não virou lei.
Trutis também se coloca como “autor da lei que aumenta a pena em caso de estupro de criança por pai, padrasto, tio, pastor, padre ou qualquer pessoa que exerça autoridade sobre a vítima”. A lei não existe. Trutis é tão somente autor de projeto de lei 1.727/2021 sobre o assunto, que não conta sequer com relator.
Longo caminho
Para virar lei, o projeto faz longo caminho. Além de tramitar por várias comissões temáticas, é preciso ser apreciado pelas duas Casas do Congresso, Câmara dos Deputados e Senado. Vencidas as etapas no Legislativo, é encaminhado para o Executivo, que decide sobre a sanção ou veto.
Desde sua criação, em maio de 2019, o MS em Brasília fiscaliza a atuação dos senadores e deputados federais do Estado. Todas as irregularidades constatadas foram e são divulgadas para que o leitor tenha conhecimento dos fatos.
Nem um parlamentar, além de Trutis, contudo, divulgou informações falsas nas redes sociais sobre uso de benefícios da Câmara ou do Senado, ou ainda sobre proposição de projetos ou criação de leis. Até porque projeto de lei não é lei.
Entre os deveres fundamentais do deputado, segundo Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, está “exercer o mandato com dignidade e respeito à coisa pública e à vontade popular, agindo com boa-fé, zelo e probidade”.
Gargalhada
Procurado pelo MS em Brasília para explicar a série de informações falsas divulgadas nas redes sociais, Trutis adotou a postura de sempre, qual seja, a de nunca esclarecer nada, com gargalhada e ataques ao site: “Hahahaha. Insignificantes! Publiquem o quiserem. Os únicos que se importam são vcs e quem pagou. Em 3 anos nenhuma linha de vcs me fez perder 01 apoiador sequer. Mas meus cliques ajudam a te sustentar. Façam o pior”.