CAMPO GRANDE
O campo-grandense vive rotina de sofrimento que não é divulgada pelos meios de comunicação locais. Enquanto o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), anuncia feitos irrelevantes da sua gestão, como o fato de ter cumprido sete das 32 promessas de campanha feitas em 2020, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) enfrentam caos no atendimento da população.
Terça-feira (4), por exemplo, houve caos na UPA do Bairro Coronel Antonino, região norte de Campo Grande. De acordo com o site Vox MS, centenas de pessoas tiveram que enfrentar espera de até seis horas na fila do atendimento, prestado por apenas dois médicos, o que demonstra a falência da Saúde municipal.
Pessoas em pé e aglomeração foram as imagens do dia, conforme mostram vídeo e fotos feitas no meio da tarde por pacientes revoltados (ver vídeo abaixo). Mais cedo, extensa fila se formava no interior e na parte externa do prédio, informa o site.
O MS em Brasília apurou também que só no dia de ontem a UPA do Jardim Leblon atendeu mais de 1.000 pacientes em 10 horas. Médico que não quis se identificar reclama da falta de valorização e critica a gestão da saúde na capital.
“Durante a pandemia, éramos heróis. Hoje, somos xingados, ofendidos, inclusive por vereador. Somos escudos da má gestão da saúde em Campo Grande”, contou o médico, que chegou a atender 100 pacientes em 10 horas de trabalho, média de seis minutos por atendimento. “Há falta de medicamentos e de mesas”.
Pessoas em pé e aglomeração. Extensa fila se formava no interior e na parte externa do prédio
Em paralelo ao caos, o prefeito tenta maquiar, com a instalação de tendas, a absoluta falta de capacidade de as unidades de Saúde atenderem a demanda cada vez maior, principalmente em função do recrudescimento dos casos de pessoas infectadas pelos vírus da Covid-19 e da gripe e ainda pela falta de planejamento por parte da prefeitura.
As tendas foram instaladas na semana passada em diversas unidades de Saúde, segundo Marquinhos Trad, por precaução e para “otimizarmos o atendimento”. Tanto o prefeito quanto o seu secretário de Saúde, José Mauro de Castro Filho, sabem que a iniciativa não vai trazer resultado algum se não forem contratados mais médicos.
Tanto isso é verdade que ambos anunciaram, quando do lançamento da “inédita” ideia de instalar as tendas, a renovação de contratos de 90 médicos e contratação de 30 novos profissionais.
Não é conversa fiada
E para provar que o anúncio não era cascata, Marquinhos Trad tomou a “corajosa e ousada atitude”, como ele próprio classificou, de demonstrar ao vivo para a imprensa como as unidades de saúde são monitoradas.
“Somos escudos da má gestão da saúde em Campo Grande” — Médico do município
A iniciativa ocorreu após reclamação de um morador da região do Leblon sobre o atendimento moroso na UPA. O prefeito afirmou que essa pessoa enviou mensagem a ele reclamando e que por isso iria fazer o teste ao vivo, informa o Vox MS.
Marquinhos ligou ao vivo para a UPA Coronel Antonino e fez diversas perguntas ao responsável pelo local — e vejam que sorte –estava tudo na mais absoluta normalidade.
“Fiz uma prova de muita ousadia e coragem, pois poderia dar um resultado absolutamente contrário e ser constrangedor, mas eu confio muito na minha equipe e sei que eles, ao receber o toque do meu celular vão atender”, disse o corajoso prefeito.
O prefeito também teve a “sorte” de ligar para a UPA Coronel Antonino só na semana passada, pois se ligasse ontem, com certeza a coragem seria substituída pelo constrangimento.
Se ele também resolvesse ontem visitar pessoalmente a unidade, como fez na semana passada para posar para fotografias, talvez estaríamos hoje diante de um corajoso, ousado e constrangido gestor. Nenhuma novidade nisso. É o Marquinhos sendo o Marquinhos.
Com informações do site Vox MS