LABAREDAS, a coluna – Informações, análises e opiniões sobre o cotidiano
Férias no Nordeste
O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), apelidado de “Marquinhos Buraco” por comerciantes da região central, curte férias nas praias do Nordeste. Há que ser justo: o político tem direito de tirar férias como qualquer outro trabalhador. Mas precisaria abandonar o cargo justamente no pior momento da cidade, com agravamento dos casos de Covid-19 e surtos de gripe? Deixou para trás unidades de saúde lotadas (ver aqui), médicos trabalhando à exaustão e sem reconhecimento, filas imensas em locais de testagem rápida, além da buraqueira que tomou conta da cidade por conta de obras intermináveis.
Para piorar, professores da rede municipal ameaçam greve para obrigar “Marquinhos Buraco” a cumprir acordo feito em agosto do ano passado. Tem mais: comerciantes da região central estão desesperados. As vendas caíram no início de 2022 na comparação com igual período de 2021. O que era para melhorar está piorando muito. Não poderia ter esperado a situação se normalizar para gozar férias (ver aqui)? Não é assim que se comportam os grandes gestores?
Renuncia ou não?
Trad, aliás, tem até 2 de abril para decidir se abandona a prefeitura — com apenas um ano e quatro meses de mandato — para disputar o Governo do Estado. Terá que decidir entre cumprir a promessa feita ao eleitor campo-grandense, ao pedir voto para se reeleger, ou enfrentar dois pré-candidatos, cuja marca é “gestão de excelência”: o ex-governador André Puccinelli (MDB) e o secretário de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB), jovem, vindo de fora da política.
Caso decida se aventurar na disputa, Marquinhos certamente será confrontado sobre o caos financeiro em que se encontra Campo Grande, com reprovação das contas pelo Tesouro Nacional, falta de dinheiro para concluir obras (ver aqui), entre outros problemas. A pergunta: em cinco anos, o senhor não conseguiu arrumar as contas do município. Por que o eleitor o escolheria para cuidar das finanças do Estado?
Governador truca
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) mandou aviso aos donos de postos de combustíveis em Mato Grosso do Sul: só manterá redução da alíquota de ICMS do combustível se os postos reduzirem o valor nas bombas, beneficiando diretamente o consumidor. Do contrário, sem conversa. Ao tomar essa atitude, Azambuja convoca os motoristas do Estado a se aliarem ao Governo para tentar reduzir o litro da gasolina. Da forma como está, o governo perde em impostos e o consumidor também. O governador trucou com o zap na mão, cujo desejo é também do presidente Jair Bolsonaro (PL).
União Brasil
Há quem acredite que a senadora Soraya Thronicke vá destruir o União Brasil antes mesmo de ser lançado em Mato Grosso do Sul. A senadora tem medido força com personagens ainda inexistentes para comandar a nova legenda no Estado, mas encontra resistência de políticos com mandato. Semana passada a senadora teve áudio vazado em que estaria insuflando ataques à ministra Tereza Cristina (ver aqui). Thronicke nega.
Sem declarar abertamente, há pelo menos dois deputados federais e alguns estaduais esperando o nome de quem irá liderar a sigla para decidir sobre filiação. O União Brasil surgiu com a fusão do DEM e do PSL, duas legendas cuja maioria dos integrantes atuais é inimiga declarada do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso. O secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, ainda não deu sinais de quem possa presidir a sigla em MS.
Trutis não!
Dirigentes de legendas partidárias em Mato Grosso do Sul têm buscado reforçar seus times para as eleições deste ano. Fortalecer chapas para deputado federal e deputado estadual tem sido objetivo primeiro dos partidos. Ao mesmo tempo em que correm atrás de políticos capazes de agregar na eleição de representantes no Congresso e Assembleia Legislativa, esses mesmos presidentes se escondem do deputado federal Loester Trutis (PSL). Dois deles já anunciaram internamente: “Tio Trutis aqui não!”
Assim como os demais membros de PSL e DEM, o problemático parlamentar terá que se filiar em alguma agremiação até 2 de abril. Ele é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por supostamente ter montado o próprio atentado, além de se envolver em série de irregularidades durante o mandato. Em uma delas, Trutis pagou aluguel da casa onde morava com a família com dinheiro público (ver aqui).
Simone solta
A situação da senadora Simone Tebet, pré-candidata a presidência pelo MDB, é desconfortável dentro da legenda em seu próprio Estado. Os rumos tomados pela senadora, de oposição ácida a Jair Bolsonaro, não têm agradado lideranças emedebistas. Afinal, ela e tantos outros políticos sul-mato-grossenses foram eleitos por bolsonaristas. Há quem corra longe da senadora, quando o nome dela é anunciado como convidada em algum evento. Dentro do próprio MDB, o desejo é apoiar a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para a única vaga ao Senado em disputa em 2022, justamente a ocupada por Tebet.
Cidade dos carrões
Reportagem publicada pelo MS em Brasília sobre inauguração do Studio Ativa Car Detailing em Campo Grande (ver aqui) trouxe dados interessantes sobre o número de automóveis circulando pelas ruas da cidade. Segundo a publicação, há cerca de 450 mil veículos, sendo 77.206 camionetes e camionetas (sim, existem os dois tipos***). Na comparação com o número de habitantes, a capital sul-mato-grossense fica em 8º lugar entre as 27 capitais — uma camionete para cada grupo de 11,7 pessoas. Em números absolutos, atinge a 12ª posição.
BH na frente
Os dados do site mostram ainda que Belo Horizonte é onde há maior número de camionetes em relação ao número de habitantes. A proporção é de uma camionete para cada grupo de 6,6 pessoas. A capital mineira é seguida por Curitiba com uma camionete para cada grupo de 9 pessoas e Goiânia em terceiro com 9,5 pessoas. A capital onde há menos camionetes proporcionalmente é Belém: uma camionete para 29 pessoas, seguida de Macéio com 25 pessoas.
***Caminhonete: veículo de carga com peso máximo de 3,5 toneladas: Fiat Strada e Toyota Hilux
***Camioneta: veículo misto carga e passageiros: Chevrolet Tracker e Ford Territory