CAMPO GRANDE
Os assistentes de Educação Infantil das unidades escolares da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande estão revoltados com o tratamento que vêm recebendo do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Mesma situação ocorre com os professores e demais funcionários da Rede Municipal de Ensino (Reme), segundo apurou o MS em Brasília com representantes das categorias.
O clima entre Marquinhos Trad e servidores municipais é muito ruim. Enquanto o Executivo conseguiu aprovar dois projetos essa semana com benefícios ao Consórcio Guaicurus, como anistia de débitos, isenção tributária e ajuda de R$ 12 milhões, os funcionários seguem sem aumento salarial.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), por exemplo, deu aumento de 10% a todos os 81 mil servidores estaduais. Os contracheques deles, de janeiro, já vieram corrigidos. Daí, a impaciência de Trad porque o município, ao contrário do Estado, não criou condições para manter os ganhos dos servidores após cinco anos no cargo.
A categoria busca melhoria salarial. Para piorar a situação, um grupo de servidoras se disse humilhado pelo prefeito ao representar os assistentes de Educação em reunião. “Ele nos humilhou muito”, reclamou uma assistente, que não quis se identificar com medo de sofrer perseguição política.
“Fomos humilhados pelo prefeito na reunião”
Como forma de agredi-las e diminui-las, Marquinhos Trad disparou que, antes de fazer qualquer tipo de reivindicação, elas deveriam aprender a escrever, referindo-se a erro ortográfico que teria visto no grupo dos assistentes de Educação.
Entenda o caso
Em busca de salários mais dignos, assistentes de Educação Infantil criaram um grupo para se organizarem. Porém, assim que tomou conhecimento do tal grupo, que ganhou o nome de “Paralisação dia 14/02/22”, a secretária municipal de Educação, Elza Fernandes Ortelhado, imediatamente enviou áudio nos grupos de diretores de Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis), dizendo que estava à procura do responsável pela criação do canal para “conversar”.
Logo depois do disparo do áudio, a secretária Elza Fernandes convocou assistentes de Educação Infantil do bairro Canguru para uma reunião na casa de uma das assistentes.
O encontro foi realizado no dia 8 de fevereiro, com a presença do prefeito Marquinhos Trad, vereador professor Riverton, secretária Elza Fernandes e mais seis assistentes representando a categoria.
Conforme desabafo de uma das assistentes, como forma de intimidá-las, o prefeito Marquinhos Trad partiu para a grosseria e humilhações. O gestor municipal prometeu aumento salarial em um próximo processo seletivo que, segundo ele, vai ocorrer em abril. O contrato, que vence em agosto, não será renovado, segundo o prefeito.
O prefeito Marquinhos Trad partiu para a grosseria e humilhações
Os assistentes não ficaram satisfeitos com o valor prometido pelo Prefeito Marquinhos, argumentando que trabalham muito, mais que os próprios professores que ganham mais que o dobro deles. “Na verdade, isso é um cala-boca para não acontecer a paralisação. Sem falar, que não tem nada que garanta que vai haver aumento. E é muito estranho, logo no mês em que o prefeito vai se afastar para concorrer ao Governo do Estado”, alertou uma assistente.
Revolta na Educação
Os profissionais da Educação da Reme de Campo Grande, no último dia 8, rejeitaram proposta apresentada pela Prefeitura de Campo Grande para reajuste de salário em 2022.
O magistério está revoltado porque a proposta despreza a carreira e não contempla a integralização do piso de 20 horas
Para a categoria, é um desrespeito do prefeito Marquinhos Trad não considerar a lei do piso municipal 5.411/2014, para uma jornada de 20h, com a proposta de dar abono de natureza indenizatória, oferecendo um percentual de 6,29%, aplicado sobre a remuneração de servidor PH2A. O índice equivale a menos de 200 reais de aumento para todos os profissionais do quadro do magistério da Reme.
Os profissionais do magistério da Capital estão revoltados diante da proposta feita pelo Executivo Municipal, que despreza a carreira e não contempla a integralização do piso salarial 20h.
Ficou definido que, no próximo dia 14, às 8 horas, na Prefeitura, os professores vão apresentar ao prefeito Marquinhos uma contraproposta. No dia seguinte (15/2), às 8 h, será realizada uma nova Assembleia Geral para debater a resposta do Executivo Municipal.
Caso a contraproposta da categoria não seja aceita pelo prefeito Marquinhos, um cronograma de mobilização será planejado com a deflagração de uma possível greve.