CAMPO GRANDE
O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), está torrando dinheiro público com propaganda em horário nobre na televisão, cujo segundo de exibição é o mais caro da grade de programação da TV Morena. A farra de Trad ocorre a uma semana de ele renunciar ao mandato para disputar o Governo do Estado.
Ontem (sexta-feira), a publicidade do prefeito foi exibida nos intervalos dos principais programas da emissora afiliada da TV Globo: Jornal Nacional e BBB.
A peça publicitária cita feitos de Trad, como as obras intermináveis do Reviva Campo Grande. Faz menção a obras nos bairros, informação imprecisa em decorrência das constantes reclamações dos moradores da periferia.
Marquinhos já anunciou que deixará a prefeitura da Capital até o prazo de desincompatibilização, em 2 de abril. Sairá do cargo deixando para trás rastros de destruição financeira, cujas consequências vão aparecer somente quando ele não puder ser mais responsabilizado pelos rombos no Orçamento.
O MS em Brasília revelou, em 14 de março, que a gestão da Capital está à beira da insolvência (ver aqui). Prévia fiscal do Tesouro Nacional a que o site teve acesso mostra que o município estourou a “regra de ouro” — um dos pilares do controle de gastos públicos.
O rombo é grave, o que pode causar o impeachment de Marquinhos ou da sua vice Adriane Lopes (Patriota), caso ela assuma a prefeitura com a renúncia do titular. A regra constitucional deve ser cumprida até o final deste ano.
Prefeito sairá do cargo deixando para trás rastros de destruição financeira, com risco de insolvência
Nos últimos cinco anos, a gestão de Marquinhos Trad torrou cerca de R$ 60 milhões em publicidade. Em janeiro, antes de sair de férias, o prefeito enviou assessores para pedir ao Governo do Estado socorro de R$ 62 milhões para a conclusão de obras.
Os indicadores econômicos e fiscais de Campo Grande são dos piores entre as 26 capitais. Está, por exemplo, com a capacidade de pagamento (Capag) reprovada pelo Tesouro Nacional, com nota C, quando é necessária A ou B. Significa que o município está perto de gastar mais do que arrecada.
Outro indicador preocupante são os gastos com o funcionalismo. O comprometimento da receita corrente líquida está em 59,16%, a 0,84% de estourar o limite, de 60%. A partir de janeiro de 2023, a prefeitura terá que começar a reduzir as despesas com pessoal para atender a exigência da Lei Complementar 178, de 2021.