CAMPO GRANDE
Entre 2010 e 2019, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de favelas em Campo Grande saltou de apenas três para 38. Atualmente, são cerca de 23 entre áreas em estudo e em processo de regularização.
Nos últimos cinco anos, a Capital esteve sob o comando do então prefeito Marquinhos Trad (PSD), que renunciou ao cargo em 1º de abril para disputar o Governo do Estado. A nova prefeita Adriane Lopes (Patriota) assumiu a prefeitura em meio ao caos financeiro e administrativo.
Com a gestão de Trad voltada somente ao recapeamento de ruas e a obras no centro da cidade, sem programa social na área de habitação, a tendência é que o número de favelas em Campo Grande registre crescimento maior nos próximos levantamentos. A Capital chegou a ser conhecida como a “cidade sem favelas”.
Dados do Censo 2010 indicavam três áreas de aglomerados subnormais na Capital: Alta Tensão, nas Moreninhas; Cidade de Deus, no Dom Antônio Barbosa; e Vila Nossa Senhora Aparecida, na Vila Nasser. Na época, eram 463 domicílios nessas condições e 1.482 pessoas.
Nos últimos cinco anos, a Capital esteve sob o comando do então prefeito Marquinhos Trad (PSD)
Quase dez anos depois, em 2019, em mapeamento específico sobre os Aglomerados Subnormais, foram identificados pelo IBGE 38 localidades com 4.516 domicílios em condições precárias e com cerca de 8.050 pessoas.
O avanço dessas áreas mostra não apenas o crescimento populacional e da cidade, mas também o aumento das dificuldades financeiras e de políticas públicas que não dão conta das demandas dos considerados sem-teto. Isso, depois de Campo Grande ter, em 2012, sido considerada a primeira Capital sem favelas no Brasil.
Edelson Varela da Silva, 40 anos, é soldador. Há seis anos, ele vive na chamada Alphavela, no Portal Caiobá. Depois de todo esse tempo, ele prepara agora sua mudança, já que ele e mais 30 moradores do local foram sorteados e ganharam lote da prefeitura.
“Foi todo esse tempo aí (seis anos) sem ter condição de pagar aluguel”, informa, relembrando que os dias de frio eram os piores, com ventos fortes e quando chovia, barracos alagados. “Ixi, vivi enchentes muitas vezes nesse barraco”, afirmou.
Apesar dele já estar indo em direção a seu lote, no Santa Emília, outras 40 famílias continuarão lá enfrentando chuva e frio. “Só 30 conseguiram lote, porque toda vez que a prefeitura vinha aqui, tinha mais gente pra cadastrar, daí não conseguiram lote pras 70”, contou Edelson.
Segundo a Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), das 38 favelas identificadas pelo IBGE em Campo Grande em 2019, apenas 23 permanecem e estariam em estudo para serem regularizadas ou em processo de regularização. Ainda assim, o total é bem maior que as únicas três identificadas em 2010.
Com informações do Campo Grande News