POR RODRIGO CONSTANTINO
Até ontem eu confesso que nem sabia quem era Paola Carosella. Falha minha, claro, em se tratando de alguém com 1,6 milhão de seguidores no Twitter e mais de 5 milhões no Instagram. Em minha defesa, posso alegar que moro fora do Brasil há sete anos.
Segundo a Wikipidia, Carosella é uma chef de cozinha, empresária, escritora, e youtuber argentina, de ascendência italiana, naturalizada brasileira. É dona do restaurante Arturito e do café La Guapa. Ficou conhecida ao ser a jurada da versão brasileira do talent show culinário, MasterChef, transmitido pela Band, participando até 2020. Foi eleita a melhor chef de 2014, pelo guia da Folha de São Paulo.
Agora já sei quem é. E por que só fui me interessar ontem? Pois, como todos agora sabem, a chef argentina resolveu lacrar numa entrevista e, provocada pelo entrevistador esquerdista arrogante, entrou na pilha e disse que também não sabe como lidar com bolsonaristas entre amigos e familiares, que prefere simplesmente se afastar, pois seriam todos uns “escrotos ou burros”. A declaração viralizou, e a revolta de imensa parcela do povo brasileiro nas redes sociais foi imediata.
Esse pensamento ilustra com perfeição a arrogância da esquerda caviar elitista, esnobe, que se acha mais inteligente e “do bem”, enquanto enxerga quem discorda de sua visão “progressista” como alguém tacanho, imbecil ou então “do mal”
A fala exala preconceito. Vindo de uma argentina, então, é ainda pior. Esse pensamento ilustra com perfeição a arrogância da esquerda caviar elitista, esnobe, que se acha mais inteligente e “do bem”, enquanto enxerga quem discorda de sua visão “progressista” como alguém tacanho, imbecil ou então “do mal”. Na bolha dessa patota, se alguém declarar que votou ou votará em Bolsonaro se transformará imediatamente num pária, atraindo olhares de desprezo ou então curiosidade antropológica, como quem analisa um chimpanzé.
A demonização do adversário ideológico precisa ser total, pois assim não é preciso mais debater, explicar onde a pessoa está equivocada. Basta o rótulo e assunto encerrado: se é “bolsonarista”, então é uma pessoa ruim ou um completo idiota. Aí não precisa falar sobre a gestão em si, sobre as reformas liberais do ministro Paulo Guedes, sobre as obras executadas pelo ministro Tarcísio Freitas, tampouco sobre a roubalheira do oponente esquerdista, o ex-presidiário Lula.
Em lugar do debate, do diálogo, da conversa, entra o ataque pessoal, ad hominem, que coloca o oponente como um leproso a ser mantido à distância por questão de “higiene”. O problema, claro, é que uma dona de restaurante não deveria desejar manter algo como 40% da população afastada de seu estabelecimento. E os esquerdistas ignoram que a direita aprendeu também a cancelar, a boicotar aqueles que politizam tudo.
“A demonização do adversário ideológico precisa ser total, pois assim não é preciso mais debater, explicar onde a pessoa está equivocada”
Não é para menos. Chamar quase metade dos clientes em potencial de escrotos ou burros é querer limitar drasticamente a clientela. Essa excessiva politização dos negócios tem sido péssima, pois a escolha de um restaurante deveria se dar apenas pela qualidade da comida, o ambiente agradável ou não, vis-à-vis o preço médio. Ocorre que a politização do público é inevitável quando a própria dona resolve xingar boa parte dos clientes. É uma legítima-defesa natural.
Como a reação foi enorme, a mídia logo saiu em defesa da chef arrogante, apontando para o “ataque” que ela estava recebendo nas redes sociais. Sobre a iniciativa da agressão verbal, nem uma palavrinha! É como se bolsonaristas tivessem resolvido partir para cima dela do nada. Tudo que os bolsonaristas fizeram, na verdade, foi expor a chef e sua fala arrogante e preconceituosa, lembrando se tratar de uma argentina. Por que ela não volta para seu país, tão “bem” administrado por um lulista? Será que o motivo é a inflação que deve bater 70% este ano?
Os reviews de seu restaurante Arturito passaram a ser negativos e a nota chegou a apenas duas estrelas. É a reação voluntária do público. No mais, resgataram outra entrevista da chef em que ela confessa sua malandragem com orgulho, explicando como conseguiu se livrar de sócios para comprar o restaurante todo. Carosella não gostou da configuração societária quando a coisa começou a dar certo, pois tinha sócios investidores na Argentina. Então ela se afastou para deliberadamente fazer a receita despencar, e depois fazer uma oferta bem menor aos antigos investidores. Ou seja, pura desonestidade, malandragem, golpismo.
“Pode cavucar que por trás de quase todo esquerdista há alguém sem valores éticos sólidos, que coloca a esperteza e a malandragem acima de princípios dignos e caráter”
Pode cavucar que por trás de quase todo esquerdista há alguém sem valores éticos sólidos, que coloca a esperteza e a malandragem acima de princípios dignos e caráter. Para Carosella, o que ela fez não tem nada demais, tanto que se vangloriou de sua “esperteza” na entrevista, sem ruborizar. Como autor de um livro chamado Brasileiro é Otário? – O alto custo da nossa malandragem, em que disseco o jeitinho brasileiro, posso apenas lamentar que essa “esperteza” toda não seja exclusividade nossa. Tem em todo lugar, inclusive entre los hermanos. O problema da América Latina em geral é que há malandro demais para otário de menos. Deu nisso!
Agora Carosella vai arcar com o resultado de sua fala descuidada e estúpida. Ela ainda ridicularizou quem tenta combater o comunismo, como se fosse um fantasma. Talvez ela devesse se mudar não de volta para Argentina, em estágio intermediário do socialismo, mas logo para a Venezuela, o ponto de chegada. Lá ela pode abrir um restaurante chique e caro para a cúpula corrupta do ditador Maduro. Será o único público, já que o povo inteiro está na miséria, resultado inexorável do socialismo.
Se Carosella optar por permanecer no Brasil, porém, vai logo descobrir que somente o clubinho esnobe da esquerda caviar não é suficiente para encher seu estabelecimento. Os “escrotos” e “burros” vão escolher outros restaurantes, e a arrogante chef argentina poderá descobrir do jeito mais duro aquilo que já virou slogan: quem lacra, não lucra!
(*) Rodrigo Constantino é economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.