CAMPO GRANDE
Sem dinheiro para concluir e iniciar obras, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patri), corre atrás de socorro dos governos estadual e federal para não inviabilizar sua gestão. O antecessor, Marquinhos Trad (PSD), renunciou ao cargo em 1º de abril para disputar o Governo do Estado, deixando o município à beira da insolvência financeira.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ouviu os apelos e anunciou ontem (24) investimentos para a execução de um conjunto de novas obras. Entre elas, a construção de uma nova Feira Central, duplicação e recapeamento de parte da Avenida dos Cafezais, na região sul. Azambuja e Adriane acertaram ainda a construção de um segundo acesso às Moreninhas.
“Tivemos uma reunião com a Adriane e parte da equipe dela. Ela colocou como prioridade a gente manter algumas coisas que definimos com a administração anterior. Uma delas é o acesso às Moreninhas. Agora, a prefeitura está providenciando a desapropriação e o Estado vai licitar”, explicou o governador. “É uma obra muito importante para quem mora lá, para Campo Grande e para o Estado também”, acrescentou.
Entre as obras estão uma nova Feira Central, duplicação e recapeamento de parte da Avenida dos Cafezais e segundo acesso às Moreninhas
Reinaldo Azambuja afirmou ainda que uma nova Feira Central será erguida no local onde funciona o estacionamento. A obra receberá recursos da bancada federal, Governo do Estado e prefeitura. “Vamos fazer uma nova construção da Feira, modelando, organizando melhor, reestruturando. A bancada federal colocou R$ 15 milhões e nós vamos investir o restante para edificar uma obra que de melhor estrutura”.
Mais obras
Outra obra prioritária é o recapeamento e a duplicação de parte da Avenida dos Cafezais. O objetivo é melhorar o tráfego em decorrência de congestionamento no horário de pico. Foi discutida ainda a continuidade da construção da piscina Olímpica, no Complexo Aquático do Parque Ayrton Senna.
“Quando Campo Grande precisou, em 2016, do recurso para tapar buraco, o Governo do Estado esteve presente. Teve muitas coisas que pactuamos com o ex-prefeito e agora a prefeita assumiu e veio com as prioridades dela. Quem ganha com isso é a população”, declarou.
“Quando Campo Grande precisou do recurso para tapar buraco, o Governo do Estado esteve presente” — governador Reinaldo Azambuja
Adriane Lopes destacou que governo e prefeitura têm em comum o objetivo de atender as pessoas. “Vamos dar continuidade às parcerias com o Governo do Estado porque sabemos que o objetivo do governador é também o nosso: trabalhar por Campo Grande e pelas pessoas da nossa cidade. Essa harmonia é fundamental para que possamos conquistar novas obras e oportunidades para a Capital”, finalizou.
Caos
A situação fiscal e econômica de Campo Grande é a quinta pior entre as capitais, mostram dados do Tesouro Nacional. Apurações recorrentes do MS em Brasília têm mostrado descontrole nos gastos do município, na gestão do ex-prefeito Marquinhos Trad, de janeiro de 2017 a março de 2022.
A Capital está a quatro pontos percentuais de gastar mais do que arrecada. Esse é um dos motivos que têm levado o Tesouro Nacional a reprovar a situação fiscal de Campo Grande.
Enquanto o Governo do Estado e 66 dos 79 municípios tiveram as contas aprovadas em 2021, com notas A e B, a gestão de Trad recebeu C, a pior avaliação. Com isso, a prefeitura está impedida de pedir empréstimos com aval da União.
Dados do Tesouro Nacional mostram descontrole dos gastos da Capital na gestão do ex-prefeito Marquinhos Trad
Outro indicador alarmante são os gastos com o pagamento da folha do funcionalismo. Com o aumento concedido antes da renúncia de Marquinhos, de 10,06%, divididos em duas parcelas (abril e dezembro de 2022), o município passou a gastar 60% da receita corrente líquida com pessoal. O limite constitucional é 54%.
Com Trad, Campo Grande gastou, em média, R$ 200 milhões a mais por ano com funcionários efetivos e nomeados politicamente. Em quatro anos, o rombo poderá atingir R$ 1 bilhão só com a folha de pessoal. A partir de 2023, a prefeita Adriane Lopes terá que reduzir o excesso à razão de, no mínimo, 10% por ano, conforme determina a Lei Complementar 178, de 2021.
Com informações da Subsecretaria de Comunicação do Estado