A medalhista olímpica de vôlei feminino Ana Paula Henkel acusou, na tarde desse domingo (27), o programa Esporte Espetacular, da TV Globo, de censurar entrevista dada por ela para falar sobre atletas transexuais no esporte. Ana Paula, ex-meio de rede da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, atualmente mora nos Estados Unidos e tem se dedicado ao estudo de transgêneros no esporte.
Em sua rede social, por volta das 13 horas de Brasília, ela desabafou: “O Esporte Espetacular mostrou hoje uma matéria sobre transexuais no esporte feminino. A Globo esteve em minha casa e eu dei uma longa entrevista com dados científicos, biológicos e políticas antidoping na defesa das mulheres. A entrevista foi censurada e não foi incluída na matéria”, denunciou a ex-atleta.
A reportagem do Esporte Espetacular trouxe a história da americana Andraya Yearwood, 17 anos. Ela se destaca em provas regionais, mas enfrenta grupo de pais de meninas que também competem no atletismo e entraram na Justiça para afastá-la das competições.
A adolescente transgênero, explica a repórter da Globo Joanna de Assis, nasceu menino, mas desde os 9 anos se reconhece oficialmente como uma garota. Para iniciar a transição sexual, primeiro uma terapeuta foi consultada. Ainda incerta de como explicar seus sentimentos em relação ao seu corpo e gênero, ela aprendeu o que significava a palavra “transgênero”, uma pessoa que nasceu no sexo oposto ao qual se identifica.
Ana Paula relata que foi procurada pela emissora para dar a versão sobre o outro lado dessa história polêmica, que tem mobilizado várias áreas, como a fisiologia esportiva.
“Sempre respeitei a emissora e estive disponível durante meus 24 anos no esporte. Não considero a censura de minha entrevista, que clara e unicamente defende o esporte feminino, um desrespeito a mim, mas a milhares de mulheres e jovens atletas que nunca são ouvidas”, afirmou.
Com base em estudos científicos, a ex-atleta é contra a participação de transexuais em modalidades femininas porque entende que há prejuízo às mulheres. No Brasil, Tifanny foi a primeira jogadora transexual a disputar a Superliga Feminina de Vôlei, defendendo as cores do Bauru.
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A acusação de censura feita por Ana Paula ganhou apoio de milhares de seguidores, entre os quais do procurador da República Ailton Benedito. “Espiral de silêncio a serviço da nefasta ideologia de gênero, projeto totalitário de engenharia social que usa os seres humanos como cobaias”, afirmou Benedito.
Advogado especializado em direito esportivo e membro da comissão de doping da Confederação Internacional de Voleibol, Marcelo Franklin também afirmou que deu entrevista à emissora sobre o mesmo assunto, mas que não foi divulgada. “Também conversei com a reportagem e passei dados jurídicos e científicos em prol da defesa do esporte feminino”, declarou o advogado.
Indignada, Ana Paula disse que “segue firme na defesa das mulheres” e deixou questionamentos: “Por que não incluíram o lado que defende as mulheres com embasamento científico, biológico e com conhecimento profundo das políticas antidoping?”.
Em pouco mais de duas horas, a mensagem da ex-atleta tinha recebido 25 mil curtidas e quase 7 mil compartilhamentos, além de 2 mil comentários. Ana Paula Henkel tem 521 mil seguidores no Twitter, rede que utilizou para denunciar a censura da Rede Globo contra sua entrevista.