CAMPO GRANDE
Administrações das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) cometem erros culposos (sem intenção) em alguns dos seus programas sociais. Apesar disso, todos eles são lançados para atender aos mais necessitados. Não se pode pensar em outra coisa.
Na Prefeitura de Campo Grande, contudo, foi criado um programa para atender parte da alta sociedade campo-grandense, às barbas dos órgãos de fiscalização, controle e Justiça, como o Ministério Público Estadual. Ou, na pior das hipóteses, o gestor municipal aproveitou brechas para inchá-lo a fim de abrigar seus partidários.
Uma das principais missões do MPE é manter o controle da atividade e da administração pública. Tem ainda a função de zelar pela ordem jurídica e defender todos os direitos, individuais ou coletivos, que abarcam a noção de cidadania.
Não se trata, portanto, de ter ou não vontade subjetiva para atuar em determinados casos, como o do Proinc (Programa de Inclusão Profissional), que tem pagado benefício mensal a pessoas que não se enquadram na legislação. O número de beneficiários ganhando indevidamente é incalculável.
Em rápida análise, o MS em Brasília levantou pelo menos dez pessoas, cujo perfil está mais associado a colunas sociais da alta sociedade campo-grandense do que a de um programa criado para assistir pessoas em situação de vulnerabilidade. Mesmo diante de tantos fatos espantosos, o MPE não se mexe.
Perfil de alguns beneficiários está mais associado a colunas sociais da alta sociedade do que a de um programa criado para assistir carentes
O site procurou a assessoria de comunicação do órgão para saber se houve manifestação sobre o caso Proinc. Tentou, por dois dias. Veja só: o Ministério Público é um dos órgãos que devem zelar pelo cumprimento da Lei de Acesso à Informação. O próprio órgão trata com desdém a norma.
Na equipe de comunicação, há dez pessoas. No entanto, a área foi incapaz de responder a dois pedidos de informação encaminhados por e-mail. O primeiro foi enviado segunda-feira (29), às 12h09; o segundo, terça-feira (30), às 9h53. O MS em Brasília também pesquisou no site do MPE se houve algum procedimento em relação ao que se pedia. Nada.
O Proinc é um dos maiores escândalos sobre mau uso de dinheiro público que se tem notícia na Capital. Está comprovado que parte dos beneficiários está na lista irregularmente. A negligência do Paço Municipal é flagrante. É acintoso.
O dinheiro do contribuinte campo-grandense tem sido usado por vários anos para atender ao prefeito anterior, Marquinhos Trad, em suas necessidades políticas. A atual prefeita, Adriane Lopes, no entanto, se mostra frágil, incompetente e irresponsável. A única coisa que ela faz bem é segurar a bandeira de Trad em manifestações políticas e posar, risonha, para fotos em eventos do município.
O Proinc é um dos maiores escândalos sobre mau uso de dinheiro público que se tem notícia na Capital
Ministério Público atuante teria aberto investigação para apurar as irregularidades, quantificar o montante pago indevidamente e cobrar do ex-prefeito, da atual prefeita e dos beneficiários irregulares a devolução do dinheiro desviado.
Adriane Lopes não tem zelado pelas coisas do município. Ignora o caos em que Trad deixou a cidade, com dezenas de obras paradas, buracos abertos e não fechados, saúde em estado terminal, além das acusações de crimes sexuais contra o ex-prefeito. E, claro, as denúncias sobre o Proinc, recriado para manter parte dos cabos eleitorais de ambos, do ex e da atual prefeita.
Evangélica, Lopes anda de mãos dadas com candidato acusado de assédio, importunação, estupro, tentativa de estupro e favorecimento à prostituição. Acusações formalizadas por 15 mulheres, cujo inquérito é conduzido pela Polícia Civil em Campo Grande. Não se leu nem se ouviu nenhum murmúrio da prefeita sobre as acusações contra Trad. Ela não é cúmplice dos crimes sexuais de Marquinhos, mas é cúmplice do caos administrativos da Capital.
Adriane Lopes anda de mãos dadas com candidato acusado de assédio, importunação, estupro e favorecimento à prostituição
Enquanto isso, o MPE cospe e escarra no rosto do cidadão campo-grandense, órfão da presença do chamado “quarto poder da República” nas principais denúncias contra o ex-prefeito sobre o Proinc, junto com a sucessora, e sobre as acusações de crimes sexuais.
Bom que se diga que o MPE não dorme sozinho. Tem a companhia da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul. Marquinhos Trad é advogado. Seu irmão Fábio Trad também. Juridicamente, parece estar tudo dominado.
Psiu!
Silêncio!