CAMPO GRANDE
Com extensa lista de processos judiciais, em decorrência de dois mandatos como prefeito de Campo Grande, o senador Nelsinho Trad entrou, semana passada, na campanha do irmão Marquinhos ao Governo do Estado. Ambos são do PSD.
O senador começou a percorrer as maiores cidades do Estado para evitar que o irmão saia da disputa já no domingo, dia 2. Com imagem arranhada pelas denúncias de crimes sexuais, Marquinhos enfrenta seu pior momento, a sete dias das eleições.
O ex-prefeito levou ainda para campanha dados ruins na sua gestão em Campo Grande, com indicadores fiscais e econômicos à beira do colapso, obras paralisadas, unidades de saúde com falta de médicos e medicamentos.
Responderá também por ter usado programa de assistência a pessoas vulneráveis para pagar salário a cabos eleitorais de alto poder aquisitivo, como influenciadores, modelos, empresários e profissionais liberais (ver aqui).
Outro fator pouco abordado durante a campanha é o fato de Marquinhos ter sido funcionário fantasma da Assembleia Legislativa. Em 1986, ele era lotado no gabinete do pai, Nelson Trad, ao mesmo tempo em que estudava no Rio de Janeiro. Anos depois nova irregularidade: foi efetivado sem concurso como servidor da AL-MS.
Outro fator pouco abordado durante a campanha é o fato de Marquinhos ter sido funcionário fantasma da Assembleia Legislativa
O desgaste de Marquinhos pode ser fatal às pretensões de outros Trad que disputam cargos nas eleições do próximo domingo: o irmão Fábio Trad, candidato à reeleição como deputado federal, e o vereador de Campo Grande Otávio Trad, como deputado estadual.
Irmão enrolado
Não se sabe até que ponto os movimentos do senador serão benéficos a Marquinhos, cujo semblante de derrotado está visível em suas aparições nos debates realizados até agora.
Com penca de processos na justiça por improbidade administrativa, Nelsinho também deixou medidas e decisões duvidosas nos oito anos em que administrou a Capital.
Entre elas, a concessão do transporte coletivo por 20 anos ao Consórcio Guaicurus, cujo contrato não foi fiscalizado como devia por seu irmão, Marquinhos, e do serviço de limpeza urbana por 25 anos. Ambas as concessões estão sendo contestadas na justiça.
O irmão mais velho dos Trad não é o melhor exemplo sobre o uso de dinheiro público. Além dos processos, Nelsinho acumula polêmicas no mandato de senador, como o uso da cota parlamentar. Está entre os senadores com maior número de assessores pagos pelo Senado, 64 ao todo.
O irmão mais velho dos Trad não é o melhor exemplo sobre o uso de dinheiro público
Some-se a isso o fato de ele ter pagado perto de R$ 900 mil por consultoria em comunicação, entre 2019 e dezembro de 2021, conforme matéria divulgada pelo MS em Brasília (ver aqui). A pequena fortuna foi destinada a uma única empresa, a Home Mix Produção e Assessoria em Radiodifusão Ltda, em Campo Grande.
Depois da divulgação desse fato, o senador mudou de “prestador de serviço”. A empresa beneficiária da polpuda quantia mensal do Senado passou a ser a L & L Consultoria LTDA, em Campo Grande. Em apenas cinco meses de 2022, os repasses à nova empresa somaram R$ 130.000,00 para “pagamento de divulgação parlamentar”.